sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Previsões do professor Chibanga

Descubra em primeira mão quem vai ser Campeão Nacional de Futebol esta época...

Ilusão?


É ilusão minha ou os mágicos têm todos um ar a roçar um bocadinho para o esquisito?

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Não sei amar de outra maneira


Sei agora que não sei amar de outra maneira...
As mulheres da minha vida
Vieram e foram
E o amor passou,
Morrendo pouco e pouco
Como uma planta sem água
Que um dia plantada
Murchou esquecida
Por quem a plantou...
Hoje sei que amo demais,
Não sei amar de outra maneira,
Mas essa não é a forma de amar
Verdadeira.
Só sei ser como sou...
Dizem que para manter um amor
Há que lutar,
Subjugar,
Superar,
Dominar...
E eu não sei amar assim...
Sei apenas demonstrar que penso,
Em palavras em mim que deixo espalhadas...
Não peço mais do que dou,
Mas sei que é pedir demais...
Não sei amar de outra maneira...
E quando finalmente percebo
Que o desengano se enganou,
Parto solitário
Buscando a minha loucura,
A minha paixão,
Solidão...
Não busco outro amor que não o meu.
Feito de sentimento,
De afecto...
Alguém que me dê o que dou
E dar-lhe-ei estrelas,
Ou porque não o universo?

Nascer de novo


Sinto que vivo
Numa redoma de vidro.
Tentei infinitas vezes
Estilhaçar tal prisão
E por alguns anos,
Anos áureos que vivi,
Julguei tê-la quebrado
Por fim...
Hoje dou por mim
Novamente a ver a vida
Passar lá fora,
Num misto de realidade e ilusão
Que já não distingo.
Quando julgo poder tocá-la
Sinto o vidro.
Se houve tempos
Em que lutei
Com todas as minhas forças
Eles passaram...
Hoje continuo a ter a mesma sensação
De vida não vivida,
De mero espectador
Aprisionado no olhar,
Sem nunca ter conseguido voar...
Com os punhos cerrados,
Lavados em sangue,
Tentei quebrar
Tal prisão,
Mas foi em vão...
Esgotado e ferido,
Finalmente apercebi-me
Que jamais o conseguiria.
Desisti...
Se por alguns anos apenas
Julguei estar livre,
Mais não foi
Do que uma mera ilusão
Gerada pelo reflexo
Da vida dos outros,
Nas paredes planas e frias
Do vidro cristalino,
Que sempre me cercou...
Já desisti de tocar
Quem passa,
De andar
Para a frente e para trás,
Enjaulado,
De mudar seja o que for...
A realidade,
É que logo bato numa parede,
Fria
E cristalina.
Enganadora,
Mas real
E todo o meu esforço
É fracasso
E dor...
Hoje já não luto,
Já não tento entender,
Nem sequer pretendo ver,
Nem olhar para fora...
Hoje até me tapo de negro,
Para que a luz que atravessa o vidro
Não me fira,
Nem me traga imagens
Da vida que nunca poderei ter...
Hoje sou eu
Quem se fecha sobre si mesmo,
Querendo já
Que a redoma não fosse vidro,
Mas somente pedra...
Sem sons,
Sem vida,
Sem nada
Que me pudesse fazer desejar tal vida,
Para que esquecesse
Finalmente tudo
O que jamais poderei ser...
Hermético,
Puro,
Mas perdido
Recolho-me aos confins
De mim mesmo,
Devorando-me
Numa alma sem cor...
Já não quero nada.
A luz encadeia-me,
Os sons atordoam-me,
Os movimentos desnorteiam-me...
Num recanto
De um quarto escuro,
Escorrego meu corpo
Caído numa parede fria.
No chão choro,
Mas as lágrimas gelam à saída.
Atordoado
Numa angustia sem fim,
Mutilado por dias iguais,
Banais,
Já nada espero
Senão o fim,
Para poder nascer de novo...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Capitão de um barco à deriva


Sou capitão de um barco à deriva,
Cujo destino já está traçado.
Navegar rumo ao abismo
Não foi tarefa que sonhei para mim,
Mas os remos tomaram-me os braços
E enredado fiquei,
Sem fuga ou esperança possível...
Com o passar do tempo,
Ventos e marés,
Meus braços cansados,
Madeira se tornaram
E os remos já não são mais
Do que extensões reais de mim...
Este navegar constante
Contra a corrente
Durante anos e anos...
Tentar adiar o inevitável,
O abismo, o naufrágio,
Leva-me à exaustão constante
De quem não dorme,
Não come,
Mas ama,
Mantendo os olhos firmes na corrente...
Estou cansado,
Mas tão cansado
Desta viagem inútil
A lugar nenhum,
Que se não fosse
Pelos passageiros amigos em viagem
Deixava de remar...
Que a corrente me levasse
Até aos rápidos da quebrada,
Para finalmente ver paisagens,
Em vez de estar sempre no mesmo lugar...
Já sinto o barco a encher de água,
Uma gota aqui,
Uma gota ali,
Todos os dias pesam mais
Meus braços de remar
Para lado nenhum...
Meu esforço é inglório,
Pois mais não faço
Do que resistir contra a corrente
Mas também não vou a lugar nenhum,
No mar calmo ou agitado...
Só,
Sigo viagem,
Capitão por baixo de sol,
Por baixo de chuva,
Sem mais ninguém para remar...
Tivesse eu tempo para descansar,
Virar a cara,
Ver outro horizonte
E talvez pudesse mudar de rumo,
Mas meus braços são meu remos
E o meu corpo aos poucos
No barco se tornou...
Continuo a levar passageiros,
Pelos quais tenho que remar,
Os amigos verdadeiros...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Chiça!!!


Há mulheres que parece que nada as agrada...
Esquesitinhas do raio...

Futebol de luto

Antonio Puerta, jogador do Sevilha que estava internado desde o passado sábado, depois de ter sofrido várias paragens cardíacas no jogo com o Getafe, faleceu esta terça-feira, no Hospital Virgen del Rocío, naquela cidade andaluza.
Puerta desmaiou durante a primeira parte do encontro com o Getafe, da jornada inaugural do campeonato espanhol, tendo sido apoiado no campo pelos serviços médicos do Sevilha e por companheiros de equipa.
Conseguiu recuperar e abandonou o campo pelo seu próprio pé, acabando posteriormente por sofrer mais paragens cardiorespiratórias.
Desde o inicio fontes médicas tinham apontado a situação grave em que se encontrava o jogador, que estava a ser ajudado por um desfribilhador, para o manter vivo.
O caso de Antonio Puerta faz lembrar as trágicas mortes do avançado húngaro do Benfica Miklos Feher, em 25 de Janeiro de 2004 num jogo com o Vitória de Guimarães e do camaronês Marc-Vivien Foé, num encontro com a Colômbia para a Taça das Confederações de 2003, em Lyon, França.

À minha maneira



Sentado nos degraus de uma escadaria
Procuro as memórias,
Vasculho as palavras e as letras transparentes.
Ao longe o vermelho de uma camisola,
O agitar de um braço como que a dizer:
"Estou aqui".
Mas já via o anjo e assim alcancei.
Depois o abraço, os lábios doces e um sorriso.
O céu azul espelhava a ternura do momento,
A sedosa pele brilhava com os teus olhos
E as tuas mãos sobre os meus ombros
Pareciam melodias silenciosas.
Com a tua voz levantaram pombos de uma varanda
E por momentos pensei que iriam pousar na minha alma.
Depois percebi que voavam de contentamento,
Havia uma magia,
Um cheiro a flores no ar,
Uma luz na cera dos desejos
Dos pedidos eternizados num bater de coração.
Voaram as horas como se tivessem dado ao tempo
Um limite para percorrer certa distância.
Já nem dizia nada, fotografava a essência,
Absorvia a imensidão de sentimentos
Lançados ao vento para que o universo conhecesse
Algo de tão incrivelmente belo,
O momento.
Sentado na mesa a minha fome vai-se extinguindo,
Elevava-se um doce aroma fresco vindo de ti
E já não precisava sequer de procurar-me.
Quando dei por mim tinha-me encontrado comigo mesmo,
Porque finalmente tinha descoberto metade da minha alma.
Hoje sinto-me completo,
Hoje sou mais eu,
Hoje percorro os mesmo lugares sem a mesma presença,
Sem o abraço e sem o sorriso ou o olhar
Mas transporto no corpo, dentro do coração,
Uma vontade ainda maior de fazer tudo à minha maneira...

Homem melhor


Muitos não sabem do que sou feito, se apenas de palavras, ou se alguma carne persiste.
Não sabem, se sou apenas a beleza das letras dispostas sobre a tela, sobre a folha imaculada, esculpidas com metáforas, pintadas com cores do arco-íris, que lhes encantam o olhar...
Escondido por detrás das palavras, um mundo de sentidos, de sentimentos, cresce sem que muitas vezes consigam perceber...
As portas, cujas chaves se encontram sob a forma de enigmas nas letras que escrevo, esperam que as abram, que entrem, não apenas pelo que dizem, mas particularmente por aquilo que sentem.
Por vezes a saudade deixa-me triste, outras a ausência me deixa dormente, mas agarro a esperança, como a última que restou na caixa de Pandora, para elevar a cabeça acima da água e ganhar fôlego para mais um mergulho na profundeza do oceano vazio...
Escuto o silêncio da água, sinto o sabor do sal das lágrimas perdidas...
A minha visão turva, adivinha apenas a direcção que deve tomar, deixando o instinto conduzir-me na imensidão deste mar.
Hoje sou apenas palavras...
Amanhã um homem melhor...

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sara Moreira, atitude de campeã


Sara Moreira foi 13.ª classificada na final dos 3000 metros obstáculos no Campeonato do Mundo de atletismo a decorrer em Osaka, com o tempo de 10.00,40 minutos. Uma queda logo aos 350 metros de prova alterou toda a sua estratégia, fazendo com que terminasse a prova com grande sacrifício.
Uma queda no início da prova tirou qualquer aspiração a Sara Moreira, a atleta levantou-se e "como se nada fosse" continuou em prova e ainda conseguiu ultrapassar uma adversária ao terminar os 3000 metros, apesar das fortes dores no joelho provocadas pela queda.
Sara Moreira demonstrou que por vezes não é preciso chegar em primeiro para se ser um verdadeiro campeão.
Para ti Sara e pela tua atitude o blog tem uma medalha de ouro...

Nélson Évora, Campeão do Mundo


O português Nélson Évora subiu ao lugar mais alto no pódio no Mundial de Atletismo a decorrer em Osaka, no Japão.
O ouro é o justo prémio para o atleta português que, no triplo salto, conseguiu a marca de 17.74 metros.
Com este resultado, Évora superou, também, o recorde nacional, que já era seu, em 23 centímetros.
Parabéns campeão.

domingo, 26 de agosto de 2007

Cara metade


Vagueando pelo planeta procuro-te, em cada mulher, em cada toque, sobre a pele de um corpo qualquer...
Não importa a forma, a cor, ou os traços, num ser qualquer, que se aproxime e se entregue num olhar profundo e intenso a mim...
Sigo-te, pela vida fora, de corpo em corpo, de mulher em mulher, passas e fazes-me seguir-te, possuis-me e depois deixas-me à deriva.
Procuro-te, em cada olhar, em cada palavra, em cada sorriso, cruzando-me vezes sem conta com corpos de mulheres, tentando descobrir-te num deles.
Por vezes fazes-me sentir perdido na escuridão da noite, ou, no meio da multidão, acreditando que não existe, que és apenas fruto da minha imaginação.
Mas, num instante, num qualquer lugar do mundo, na situação mais casual, apoderas-te de um corpo e lanças-me aquele olhar, murmuras-me palavras que só eu consigo entender e, nesse momento, vejo-te, para lá daquele corpo, sinto-te a alma que conheço para lá da eternidade e corro, ganhando novo fôlego, pela vida fora, esperando conseguir alcançar-te.
A ti, minha cara metade...

sábado, 25 de agosto de 2007

Madeleine McCann, Vítima


Este é um tema que ainda não tinha abordado, mas perante este jogo do rato e do gato, de policias e ladrões decidi relembrar o que realmente interessa.
Intrigas e mais intrigas, suspeitos e mais suspeitos, falsas informações, sonhos e esperanças, assim tem sido o desenrolar desta história.
Rapto ou homicídio, qual das forças policiais a mais competente, os cães britânicos ou os portugueses?
Ajuda da imprensa para não deixar cair o drama no esquecimento, ou a constante violação do direito à privacidade?
Pais de Maddie suspeitos ou Robert Murat?
Sangue de cadáver ou não?
Constante adiamento da divulgação dos testes de ADN...
Maddie está em Espanha ou na Holanda?
Porque não o mesmo mediatismo no caso Rui Pedro?
Será por ser português?
Este tem sido o cenário nos últimos meses, a constante busca de um culpado, o recorrente apontar de dedo a tudo e a todos, quando de facto a única verdade apurada até agora é só uma, todos sabemos quem é a vítima...
Madeleine McCann, a pequena Maddie...


Abrigo


O pôr-do-sol já lá vai faz tempo, agora apenas existe a noite....
E no limite da escuridão abre-se a porta para um mundo diferente, um lugar pequeno, onde o tempo deixou há muito de passar, onde a luz é ténue.
Por entre o verde das imensas árvores que parecem tocar o céu dum fim de tarde que nunca acaba, estendem-se pequenas pedras, por entre a vegetação rasteira que povoa toda a floresta.
A música constante dos pássaros que cantam por entre o arvoredo, anima o silêncio deste lugar vazio de gente, onde a natureza governa e onde se respira a frescura da magia que paira no ar.
Embrenhada na selva, no meio duma clareira, uma velha casa de madeira, serve-me de abrigo, é aqui que vivo, saboreando esta tarde eterna da vida, que o tempo se encarregou de congelar, entre o dia e a noite, entre o ontem e o amanhã.
Os livros formam pilhas que sobem do chão ao tecto, manuais e manuscritos espalham-se por uma velha secretária de madeira retorcida pelo tempo que nunca passou. As velas, apoiadas em pesados castiçais de ferro, derramam sobre o soalho a cera, formando cascatas de estalactites por entre o tremer da sua própria luz. A cinza do incenso que arde um pouco por todos os cantos, espalha-se como sementes ao vento, com a brisa que se infiltra por entre as frestas das janelas.
No meio desta atmosfera turva e aromática, sento-me, sobre a minha cadeira de baloiço, com papel e caneta, escrevendo as palavras eternas em mim, que o tempo não deixará terminar.
O corpo imutável de menino sonhador, leva o espírito para lá dos limites deste mundo, olhando na distância para o vazio que separa a realidade da ficção, este mundo do outro, onde o tempo corre veloz e a vida palpita.
Aqui, onde o tempo dorme, mora a minha alma, qual criança perdida, escondida das agruras da realidade.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Anjo invisível


Por entre este aglomerado de palavras em mim,
Poderias perder-te horas a fio,
Sentada em silêncio a olhar-me.
Poderia chamar o teu nome
E dizer que és uma pessoa especial,
Poderia simplesmente contemplar-te
Sabendo que tu sentias a minha presença.
Deitar-me à sombra
E adormecer com os teus sapatos altos no horizonte.
Ou então olhar-te de perfil,
O mágico sorriso,
Penetrante e envolvente
E nas tuas mãos poderia colocar a minha alma
Para ser nos teus dedos um anjo invisível.
Que sou...
Que sempre serei...
Mesmo quando não me vês...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Poetas de karaoke


Nos últimos tempos tenho ido regularmente a um bar de karaoke.
Não, aqui o menino não vai cantar. Infelizmente Deus não me deu uma voz de rouxinol, senão era ver-me em cima do palco, qual Sinatra.
Mas o que acontece é que ao assistir as outras pessoas cantar reparei que a maior parte não consegue acompanhar as letrinhas que passam no monitor. Ou já sabem a letra da música de cor, ou então vão trauteando a música recorrendo à fonética das palavras.
Posto isto, vou lançar um novo tipo de karaoke, em que não irá passar a letra, mas sim a "transcrição fonética" da mesma.
Julgo ser mais fácil assim, senão reparem...

Difícil adeus


Meu corpo cansado rende-se embalado nos braços da noite...
Num instante as sombras absorvem as formas e apenas pequenos pontos de luz salpicam o espaço.
A Lua, rasga o horizonte, avermelhada como o fogo que a faz brilhar...
O meu corpo despido, quase sente o calor do teu, que a um milímetro espera e deseja por ser tocado.
Os meus olhos, cruzam o teu olhar e por momentos, deixamo-nos ficar, parados, suspensos no tempo, sentindo apenas a proximidade, sentido apenas os espaço em redor, sentindo-nos...
Num ritual de magia, estendo os meus dedos em direcção à tua face, parando antes de te tocar.
Percorro todos os declives e curvas que fazes, como se tivesse asas e voasse sobre a tua pele.
Sentes o calor da minha mão, que se envolve em ti, sentes os dedos, de uma forma imperceptível, roçar sobre ti, quiçá estremeces.
Sem nunca deixar de te olhar, aproximo a minha boca da tua, deixo-me ficar, um instante antes do beijar...
Sinto o calor que vem da tua alma, espalhar-se sobre o meu peito...
Sinto o desejo que clamas, quando o meu corpo toca o teu...
O silêncio encheu-se de músicas suaves, e entrelaçamo-nos como peças de um puzzle que se encaixam, formando uma só figura...
Permanecemos abraçados, na noite, enquanto a Lua nos contempla, quais amantes perdidos no tempo, até que o dia regresse para nos despertar.
Enfim acordo de mais um sonho...
Um sonho a que por muito que tente ainda me é difícil dizer adeus...

Mariza, Castelo de Guimarães


Ouvi e para minha surpresa gostei...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Leitora especial


Vivo deambulando entre a noite e o dia, entre a claridade e a escuridão, entre a realidade e a fantasia...
Balanço por entre pêndulos, procurando a nostalgia dos tempos que passam como estrelas cadentes, em direcção à escuridão no espaço...
Pequenos rasgos de luz que cortam como sabres a noite fria e só.
Nesta guerra permanente, entre a luz e a tua ausência, deixo-me enfeitiçar pelo olhar que me dedicas sempre que lês as palavras em mim...
Como hoje o senti, esse instante em que os nossos mundos se roçaram, partindo depois em direcções opostas...
Tu, irradiando beleza, rumo à claridade...
Eu, fechado na saudade do momento, voando na noite escura.
Aqui, em mais uma página da vida, descrevo o instante em que o teu olhar se prende nas palavras em mim, em que o teu sorriso abraça o meu corpo e em que a tua alma toca a minha, para sempre...
A minha leitora especial...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cortar o mal pela raiz


O Presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou esta segunda-feira apertadas medidas de combate à pedofilia no país.
Sarkozy defende a castração química de pedófilos e anunciou a construção, em Lyon, de um hospital psiquiátrico especializado em pedofilia.
É a resposta ao escândalo que está a chocar o país, depois de um médico de uma prisão francesa ter admitido ter receitado Viagra a um pedófilo, quando este se preparava para deixar a cadeia em liberdade.
Ainda bem que resta alguém com tomates no mundo da política...

Palavras ao vento


Vento que atinge esta cidade, leva-me as palavras...
Atreve-te a pronunciar as que não consigo dizer.
Vento que passa, colhe-me a alma, atreve-te a levá-la para longe sobre as tuas asas.
Vento que passa, colhe-me o coração que seguro em minhas mãos, dissolve-o no espaço, como areia do deserto.
Sinto a carícia dos teus dedos invisíveis, afagar-me a nuca, sinto o teu abraço apertado quando a tempestade se aproxima, a tua força arrasta-me, num turbilhão de sensações, no meio do furacão, vento, amigo, companheiro.
Sinto a tua presença, mesmo na ausência, na calmaria de uma tarde de Verão, no silêncio da agonia que me queima o peito.
Sinto o conforto do final da tarde, ao nascer da noite, quando me sopras a face para despertar para mais um instante de tranquilidade.
Vento, escultor divino, companheiro eterno, que no momento final, vens buscar as palavras em mim que navegarão para sempre no dorso calmo do teu ser.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Blogue premiado


Ah pois é!
Aqui o meu/vosso cantinho recebeu um prémio...
Não, não foi o Euromilhões, nem um guarda-chuva numa rifa, mas sim um prémio Schmooze, cujo significado não sei bem qual é, mas que tem o valor que tem por ter sido atribuído por uma pessoa especial e nossa companheira blogueira, a Tita do blogue (re)volta ao mundo em 80 palavras.
Obrigado Tita ;)

Recaída


As palavras em mim tem andado mudas...
Quase que se sente o silêncio entre cada palavra.
Escuta-se o silêncio por detrás de cada nota e a música toca, incessantemente, numa cadência suave, que embala cada sentido numa direcção diversa.
Escuta-se o ritmo pausado de cada nota que cai, escuta-se o som das letras que brotam da voz.
Sente-se o timbre adocicado da melodia que se espalha pelo ar...
É quase madrugada e a Noite ainda me embala...
É quase dia, ainda durmo e ainda sonho...
Sinto, por entre o frio dum Inverno por vir, o calor das letras que se aconchegam sobre a minha pele.
Sinto a suavidade da lã que suspende no ar cada nota desta música que me alimenta.
Sinto, em cada toque, o universo aberto, numa amplitude de dimensões que me invadem a alma.
Amanhece e ainda assim não quero despertar...
Quero ficar, aqui, aconchegado neste lugar teu, encostado no teu corpo, catalisando o teu calor. Não, não quero acordar, quero deixar-me ficar, para sempre, aqui...
Não quero que a música acabe...
Não quero que a alma desperte...
É já dia...
E eu...
Ainda estou na noite...
Ainda sonho...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Alquimia do amor


Experimento as cores e sabores da vida, entre fórmulas e segredos, fechados entre as paredes deste mundo fantástico...
Descubro a força das palavras que se esconde entre caracteres imortais...
Encontro nos símbolos os químicos antigos que se conjugam na magia desta vida por terminar.
Sinto o cansaço tomar conta do olhar que se cerra sobre a luz da lamparina que teima em aquecer os elementos...
O corpo curva-se sobre os escritos e no ar sente-se a efusão das matérias.
Da parede pendem as memórias e os tempos em que a luz se fazia da brancura imaculada dos raios em plena tempestade..
Agora, sentado sobre esta cadeira empoeirada, rodeiam-me apenas as palavras em mim que escrevi, amontoando-se umas sobre as outras em frases imensas que povoam os papeis que se fizeram vida.
É madrugada e continuo, envolto na alquimia do amor que me impele a descobrir os elixires que perpetuem a eternidade, que façam brotar da boca as palavras em mim sobre um pedaço de tempo qualquer...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Amanhecer


A personagem principal que vive nas páginas deste livro andou ausente, as palavras, os segredos de um mundo por revelar estiveram longe.
Volto e escrevo, em cada dia uma página, pinto em cada tela uma imagem, resquícios de tempos passados num lugar encantado.
Esta é uma interminável história, desenhada sobre o corpo, como tatuagem, impressa em papel amarelecido pelo tempo.
Faz-se de sentires este instante, em que vos entrego a alma, para que a sintam como vossa, em que a palavras em mim são pequenas notas de uma longa música, que vos embala e adormece, no âmago deste mundo fantástico que se forma na minha mente ao ritmo de cada letra que escrevo.
Vicio-vos, no toque suave dos meus dedos inventados, sobre a pele, suave, onde recalco os contornos deste corpo que arde no desejo de se fazer real.
As frases brotam, como água, por entre a rocha bruta da vida, na simplicidade de um sonho que queremos ter, enganando a realidade com um fácil truque de magia.
Estendem-me a mão e nela repousa o meu coração, prova fidedigna de sensibilidade, quiçá até paixão.
Estendem-me a outra mão e nela transportam a alma, marca de pureza, dignidade...
E eu, de peito aberto, recebo-vos acariciando-vos as mãos frias, guardando em cada parágrafo a vossa essência, e soprando-vos em cada texto a esperança que não se esgota na mente de quem sabe sonhar.
É neste recanto que eu entrego meu corpo, onde a alma se revela e o espírito deambula entre todos nós, procurando, na génese de cada um, o alimento para a manhã submersa que já vem despontando no horizonte...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Estrela cadente


Salto de estrela em estrela na esperança de encontrar em cada luar o abraço terno da felicidade que está para chegar.
Sinto na pele desnuda o frio do deserto, a brisa forte que me acaricia o rosto, o murmúrio do mocho na árvore distante.
Sigo os caminhos da Via Láctea, saltando de estrela em estrela, de nuvem em nuvem, por entre aglomerados de gente anónima que se cruza por mim na rua.
Deixo-lhes o suave perfume das palavras em mim, mesclas de verbos, adjectivos e pronomes, essências puras de mim, pedaços de alma que se desprendem por entre as folhas de papel.
Uma constelação de estrelas que caem, que marcam os céus...
Estrelas cadentes, orientação que sigo por cada caminho em que ando perdido.
Pó de estrelas saltitantes com que desenho as palavras, luz que preenche a tela vazia de quase nada...
Luz da noite...
Risco de brilho...
Pura magia...
Estrela cadente...


domingo, 12 de agosto de 2007

Fogueira


Procuro uma fogueira para queimar todos os blocos de notas que escrevi, todos os apontamentos de uma vida de palavras em mim.
Um fogo lento que queime a alma, adormeça em suas labaredas, o sonho.
Desenhe sobre o ar formas inventadas de um corpo qualquer.
Uma luz, uma perdição que nos arde, bem fundo, no coração.
Imóvel, ali fico imaginando as imagens desfeitas, em folhas de papel incinerado, que um dia renascerão em formosa árvore, de ramos estendidos ao vento...
Vejo o tempo, numa chama eterna, transformando as formas, devastando a matéria, numa mutação constante, numa troca incessante de energias.
Ficam a arder nesta fogueira, os desejos que queimo, lentamente, que os corpos consomem e a alma alimentam, numa infindável dança de luxúria.
Queimam-se com ele, os pecados não realizados, alcançando-se por fim a purificação dos sentidos.
Nesta fogueira dos tempos, a luz deste lume intenso, propaga-se qual farol no meio da tormenta...
Paro...
Penso...
Deixo as mãos cruzarem a chama, sinto o calor que me aquece, mas sinto-me incapaz de destruir as palavras em mim...
São parte da minha história...
Apago a fogueira...
Sigo o meu caminho...
Ainda restam muitas palavras em mim por descobrir...

sábado, 11 de agosto de 2007

Voz de um poeta...


Escritor de sonhos,
Através de palavras de desejos escondidos...
Solidão entre cada letra...
Tinta derramada em cada página,
Vasculhando nas lembranças,
Uma qualquer esperança para viver
Numa folha branca de papel...
Vou escrevendo frases,
As pernas cruzadas,
Os olhos fechados,
A cabeça baixa no terminal de estrelas ausentes...
No corpo a roupa rasgada,
Líquida imagem desse músculo de dor e intriga
Percorrendo o sangue com parágrafos sucessivos.
Sonho por entre as fendas do coração,
Escrevendo mesmo com os dedos ensanguentados,
Espremido pela mágoa acesa em brasas,
Reluzindo cada lágrima num verbo...
Reconheço agora a palavra serenidade
Turbilhão de sentimentos justapostos,
O sol alto fora da casa outrora rodeada de fantasmas,
Como farpas que se cravavam no corpo jazido
E a imensidão do mundo contido num breve silêncio
Em que as palavras em mim se soltam roucas.
Assim é a voz de um poeta...

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Estrela


Do pó do cosmos uma nova estrela renasce...
Comigo, agregam-se novas esperanças, comigo novos mundos se preparam para surgir.
O espaço vazio foi inundado pela luz do meu renascimento...
De mim brota o calor da minha energia, catalisada do nada.
Harmonizam-se os elementos, a ordem celeste encarrega-se de alinhar os novos mundos que se agregam, aos poucos, a esta luz que a cada dia brilha mais intensa.
Desenho, a traços de pincel, cada detalhe deste novo sistema.
A cada mundo novo, recrio a imaginação.
Utopia, sonho, ou apenas realidade...
Deixo voar os sentidos e com eles levo o que ficou de mim.
De asas abertas, encaminho-me para uma nova morada, lugar mágico que detalhadamente desenhei.
Levo no bolso, um pedaço de esperança, carrego na mochila os sonhos esquecidos e nos olhos carrego a réstia de felicidade, que me permitirá viajar, ao sabor do vento estelar.
Esta noite, se as nuvens da vida o permitirem, olha o céu e notarás que há mais uma estrela que brilha entre a imensidão do escuro...
É lá que me encontrarás, dia após dia...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Em mim...


Espalho no ar toda a alma e toda a maioria dos instantes, na mente conservo as palavras e na pele levo os cheiros, essências duma vida inteira...
Nos olhos, carrego em cada lágrima as imagens deste instante, momento de vida, sopro do destino que me trouxe aqui.
Não levo mapa, não traço rotas, limito-me a seguir o caminho.
Às costas carrego o passado, pela frente estende-se o futuro, sou um caminhante, de passagem para outro lugar qualquer...
Faço uma pausa entre vidas, percorro o curto caminho incerto entre elas, como um fio que liga os novelos, destinos entrelaçados em muitas vidas, pedaços de todos e cada um de nós, de vós...
Preparo a alma, para atravessar o deserto, vazio de vida, cheio de eus, questões e dúvidas por explicar, instantes e momentos por saborear, dores e males por sentir.
Preciso compreender a informação que recolhi, tratá-la e aprender com todos os erros cometidos, com todas as lições recebidas.
Deixo atrás as histórias, montanhas de palavras em mim, sentidos atados em fios de seda, sensações, toques e emoções acordadas em mim, por todos, despertas em vós, pelas letras que calmamente teci...
Não me despeço porque não parto, despeço-me apenas porque fico, fico, calado, em silêncio.
Falo de mim, escrevo-me, desenho-me e esculpo-me, preenchendo o interior que se foi esvaziando a cada frase, a cada beijo, a cada carícia.
Restauro as cores que o tempo empalideceu, reparo os buracos da alma e curo as feridas abertas.
Deixo-me ficar...
Por uns tempos...
Aqui...
Em mim...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Partiste, mas ficaste...


Partiste, mas ficaste...
Na minha essência restará sempre um pedaço de ti.
Parada num instante, numa memória fotográfica.
Separei as dimensões e deixei o corpo ficar na realidade...
A alma, eterniza-se absorvendo cada momento de ti...
Ficaste dentro de mim, porque foste muito mais que um breve segundo, porque vives muito para lá das estrelas, porque não podemos viver um "nós", mas vivemos...
Fiz uma pausa, uma paragem no tempo, mudei de dimensão e deixei as palavras em mim ficarem no silêncio dos dedos que escreviam para ti.
Regressei, mesmo percebendo que partiste...
Daqui...
Exactamente onde te encontrei, mas decidiste partir, dispersando a tua energia pelo infinito espaço vazio.
No entanto ficas, onde sempre estiveste, onde te encontrei, com a sapiência de quem viveu mil séculos, como a paciência de quem esperou mil vidas.
Não voltei para te abraçar, para te ter e te beijar, com o sabor dos sentidos que se propagam muito para além dos corpos, onde nada mais existe, que a energia de que tu e eu somos feitos, mas voltei, porque foste, és e serás especial...
Partiste, mas ficaste...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Reflexo nos teus olhos


Um olhar...
Um simples olhar que carrega em ti a minha imagem, a mensagem que deixei antes de partires.
Nesse olhar, antigo, que os séculos não conseguiram desgastar, estão guardados os instantes em que não fui mais do que um reflexo.
Procuras, em cada ser, desvendar, por entre as linhas escritas, os códigos, sublimes e as chaves que abrem as portas do Universo...
Procuras, em cada corpo, os traços duma pele que outrora foi a tua, de uma fragrância que em tempos possuíste.
Chegaste aqui, paraste e olhaste para esta amalgama de letras, frases escritas, textos misteriosos, a tua alma balanceou, quem sabe tiveste dúvidas e não conseguiste as certezas, que no meio de todos estes caracteres, por entre estas linhas, encontrasses os códigos mágicos que te oferecem a chave dos céus.
Nas imagens, procuraste o mapa celeste, por entre as constelações de estrelas, que se re-arranjam à tua passagem, temeste encontrar num só local a porta e a chave que a abre, duvidaste que, após milénios de procura, viesses encontrar aqui, num pequeno grão de areia, na praia imensa da galáxia, o segredo, a mensagem, que completa, aquela que trago gravada na minha alma.

Post-Scriptum:


Tinha decidido por um fim a este blog, mas hoje tive conhecimento de um acontecimento que não podia deixar passar em claro.
Como deve ser do conhecimento de muitos de vós, todos os anos é tradição os escuteiros de Portugal se reunirem num gigantesco acampamento nacional, denominado de ACANAC.
Este ano não fugiu à regra e o mesmo teve lugar em Idanha-a-Nova, local onde cerca de 10 000 escuteiros de todos os cantos do país se reuniram para festejar o centenário do escutismo mundial.
Até aqui tudo parece ser um cenário de comemorações, convívio e festa, mas nem tudo é um mar de rosas e o que aconteceu é uma vergonha para todos os membros da organização.
Então não é que no meio de todos os preparativos o ditos senhores se esqueceram de salvaguardar um bem essencial?
E que bem essencial é esse? - perguntam vocês.
Nada mais do que alimentos, meus amigos!!!
A realidade é que 10 000 escuteiros, conhecidos por praticar boas acções, passaram fome neste evento em grande escala que é patrocinado pela monopolista das telecomunicações fixas em Portugal, a própria PT.
Ora, sendo a maior parte dessas 10 000 almas crianças o acontecimento ganha contornos ainda mais graves. Não fosse a boa vontade dos mais velhos teríamos crianças a passar pelo mesmo que os seus homólogos em países do terceiro mundo.
Para terem a ideia do cúmulo a que as situações chegaram, muitos decidiram participar na campanha de doação de sangue realizada no local, com o intuito de ter acesso a alimentos.
Esta é uma situação que eu não podia deixar passar sem levantar a minha voz de indignação.
Espero que sejam tomadas atitudes no sentido de apurar os verdadeiros responsáveis por tamanha atrocidade.
Esta situação fez-me repensar a minha tomada de posição em relação ao destino do blog.
Depois de um dia a reflectir sobre a minha decisão de dar o tiro de misericórdia ao blog, pondo termo ao mesmo, penso agora que posso usar a minha escrita como uma arma de arremesso em direcção ao podres da sociedade, posso elevar aos céus o que de bom também existe e sobretudo, dando seguimento a vários emails que recebi de alguns de vós, posso também continuar a partilhar com todos "As palavras em mim", que pelos vistos tem ajudado muito boa gente a passar bons momentos.
Posto isto, é com grande prazer que anuncio que pondero, aos poucos e poucos retomar a actividade do blog a que vos habituei.
Por vezes são situações lamentáveis como esta, que nos fazem acordar para a dura realidade que é a vida, mas a mesma já é tão difícil por si só, façam-me o favor de não a complicar ainda mais.
Combinado?
"Um Mundo Uma Promessa"
Este era o mote, agora só falta cumprir essa promessa...

domingo, 5 de agosto de 2007

Fim


Cinco meses...
Cinco longos meses em que partilhei com todos vós um pouco de mim...
Bem, não foi propriamente apenas um pouco, foi mais um eu como um todo, um ser que vive, escreve e sobretudo sente...
Muitos foram os que me acompanharam nesta volta na montanha russa da vida, alguns vibraram comigo a cada descida nas palavras e gritaram comigo a cada curva nos versos...
Agradeço a todos a simpatia da vossa companhia.
Mas, tal como Romeu e Julieta não conseguiam viver um sem o outro, também o blogue não faz sentido sem a musa que o fez nascer.
Confesso que as palavras se tornam cada vez mais escassas e penosas de encontrar...
A cada frase, a cada parágrafo, a constante memória de um sentimento que não pode ser seguido tem gerado uma prisão e isso tem-me impedido de conseguir abrir as mãos e deixar essa ave voar livremente...
Mas é algo que tenho que fazer, é um caminho que tenho que percorrer sozinho...
É uma demanda pessoal que quero cumprir para me poder encontrar.
Só assim poderei encontrar a paz que tanto ambiciono e serei capaz de partir em busca de novos horizontes.
Vou partir, é chegada a hora...
Foram cinco meses de muitas palavras em mim, mas que agora chegam ao fim...
Não digo adeus, porque os "adeus" são para sempre, digo antes um "até uma próxima"...
Quem sabe eu regresse com um pouco mais de "As palavras em mim"...

Fim

Parte de mim...


Fechados os olhos cor de céu, onde o pensamento pode voar...
Aí quero apurar os sentidos, para que estes sintam o perfume da tua pele, desenhem sobre a folha branca de papel, os contornos da tua silhueta.
Esqueço-me do mundo lá fora, deixo a Lua imensa, banhar-me com o seu luar, esperando que, onde quer que estejas ainda me encontres reflectido na sua superfície.
Nesta noite, em que sinto a brisa da tua alma me vem visitar, deixo-me ficar aqui, sentado, na saudade que cada vez mais conheço, esperando que chegues e queiras cá ficar...
No entanto, mesmo que te deseje, sobre a forma de uma borboleta nocturna, cuja beleza se oculta na ausência de luz, mas que os meus olhos conseguem vislumbrar quando despontas no horizonte, tu voltas a partir...
Eu gostava de descobrir, cada palavra tua, encontrar na tua essência um pedaço de mim.
Não sei há quanto tempo não te vejo, és uma imagem difusa na minha mente, mas sei que encontrar-te-ei, porque sei de cor o teu corpo e conheço a tua alma, porque és e serás sempre, parte de mim...

sábado, 4 de agosto de 2007

Serenidade


Na serenidade própria da noite, fico a escutar a minha própria alma.
A Lua, preenche o céu imenso, escondendo mas não apagando o brilho da tua estrela.
Subo ao topo da colina, em meu redor as luzes das cidades vizinhas prolongam o firmamento, pontilhando a Terra escura, esbatendo a linha do horizonte.
Hoje, não se escuta nada, apenas o som do coração que bate, a um ritmo quase parado, mas que ainda bate...
Estiveste e estarás sempre aqui, nas palavras escritas com o carinho de quem sente de verdade. Senti a tua alma palpitar na escuridão, comprimindo-se para não quebrar o silêncio, de palavras que não escreveste, de frases que nunca pronunciaste...
Com as mãos cravadas sobre a terra, deixei que os dedos se afundassem no solo fresco, deixei que criassem raízes e ali ficassem presos para que não deambulassem sobre as sombras, feitas de letras que sempre te escrevo.
Longe do meu mundo, encaro a solidão como um acto de purificação, na minha mente, a imagem de um outro tu forma-se com a ausência do teu coração, mas um tu para todo o sempre especial.
A minha alma, solta-se e com ela libertam-se as palavras, frases completas, que no silêncio desta noite, agrupam as estrelas em novas constelações e desenham sobre o céu escuro, as palavras que não ouso dizer-te ao ouvido, simplesmente porque o teu coração não está aqui comigo...
Na serenidade da noite...

Desafio musical

Numa altura em que cada vez se torna mais usual o aparecimento de desafios aqui no mundo bloguista, aqui o vosso "poeta das horas vagas" decidiu lançar um desafio que julgo ser inédito.
Pois bem, o desafio consiste em divulgar qual a música ou músicas cujas presenças consideram indispensáveis no vosso dia-a-dia, quer seja no leitor de mp3, no auto-rádio, etc...
Como fica bem eu ofereço-me para iniciar o desafio e passo então a citar as músicas que me acompanham para todo o lado e são elas:
  • Nothing else matters - Metallica.
  • Smells like teen spirit - Nirvana.
  • The zephyr song - Red Hot Chili Peppers.
  • Numb - Linkin Park.
  • Last kiss - Pearl Jam.
  • Times like these - Foo Fighters.
A lista seria muito mais extensa, mas como em todos os desafios parece ser norma estabelecer um número, desta vez calhou o 6.
Agora cabe a todos os blogueiros que por aqui passam aceitar o desafio, ou até aqueles que não possuem um blog, (mas que deviam), a divulgar a banda sonora do filme da vossa vida...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Hoje...


... não me apetece escrever.
Vou ali e já venho...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Refúgio das horas tristes...


Sentado na praia, no local onde a água beija a areia, no limite entre a Terra e o Mar, quero partilhar com ambos a minha solidão, a minha vontade de ficar só.
No limiar do momento, deixo atrás tudo o que não ganhei, olho o infinito sem ver o que vem, vivo apenas o prazer deste momento em que me deixo envolver pelo silêncio.
Absorvo todos os sons que o horizonte me trás...
Sinto, o toque da água fria deste mar que me afaga os pés...
Deixo que o espaço me devore na solidão deste instante, em que o dia adormece nos braços da minha noite.
Deixo que os pensamentos resvalem para este oceano que à minha frente se agiganta, afogando-se no sal desta água pura...
Espero, libertar-me aqui, na beira deste abismo, deste corpo velho e usado, e ganhar asas para voar de novo, numa liberdade há muito conquistada.
Aqui sentado, espero que a noite me abrace num prolongado momento de solidão.
Mas a noite demora a chegar e eu não mais desejo estar sozinho...
O ombro amigo...
Refúgio das horas tristes...

Últimas lágrimas...


Noite de últimas lágrimas, são gotas que se condensam no meu corpo e que me lavam o espírito.
No escuro, sinto a presença do vazio, o abraço apertado da ausência e a dor da mágoa que me invade como estas gotas de água límpida.
Não entendo a solidão, não compreendo esta necessidade de fechar-me em mim...
Apenas sinto que preciso de fugir, de estar ausente, de sufocar-me por um instante, para renascer melhor que nunca, logo no segundo seguinte.
Na escuridão da noite, desperto em mim um ser que desconheço, acordo para um mundo de sombras, de vazios e silêncios que não procuro, mas que necessito.
Na noite fria e escura, os rasgos de luz, são espadas cravadas no peito, são fios de esperança que varam todo o vazio num ligação entre o dia e a minha noite...
A minha noite de últimas lágrimas...
Amanhã será um novo dia e estarei de alma lavada, pronto a enfrentar a dura batalha que é simplesmente viver...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Alma que sangra


Observando os candeeiros das ruas que se acendem lentamente, vejo o tempo que passa devagar e resisto a enfrentar a dura realidade.
Percebo, entendo, descubro e lamento a ingrata natureza do Homem...
Cada segundo martela-me a alma na longevidade que a vida me impõe.
Sinto o sufoco do ser perante o arresto do corpo.
As situações do quotidiano arrastam-se a meus pés, implorando-me que fique, para que massacrem ainda mais o corpo...
Cansada, a alma perde as asas, entrega-as, devolve-as, para não mais visitar as ilusões dos sonhos de que se alimentava.
Quero devolver o corpo, qual fato alugado em vésperas de festa, mas ninguém o quer receber. Quero partir, comprar um bilhete de ida, para não mais voltar, mas a realidade nega-me a vantagem de poder voar para lá do horizonte, nega-me a tranquilidade que o corpo clama, nega-me tudo, porque afinal apenas me cabe nada...
O tempo pára, entre cada segundo, para me recordar que tenho de senti-lo passar, na pele, na vida, na dor que provoca ao riscar-me a face, ao quebrar-me o corpo, deixando-me curvado sobre o próprio peso da realidade.
A alma sangra ao perceber que este não é o seu mundo...
Esta alma que ainda quer seguir a tua que partiu para outro lugar...

Brilho


O brilho dos meus olhos, onde tudo se reflecte.
Um instante, um momento, onde a saudade se comprime contra as paredes do tempo.
Um espaço, exíguo, onde os corpos se unem, se apertam. Alma, enorme, onde os espíritos vagueiam no vácuo perdido.
Letra, maiúscula, onde nascem as palavras em mim, onde as frases se estendem e os parágrafos são planaltos de onde se avista o fim da página...
Palavras, caladas, que o vento não diz, que a boca guarda e a voz não pode mais pronunciar...
Entre a pequenez do detalhe e a imensidão da ausência, recriam-se encontros entre o que escutamos, sentimos, lemos...
Controem-se sonhos, mundos e quimeras, na ânsia de colmatar as necessidades da alma, a sede do espírito, a fome do corpo...
Brilho nos olhos onde nasce uma lágrima perdida que cai no rosto...
Pérola salgada do pranto, água, solidão e dor...
Gota que procura o caminho por descobrir, que te levará daqui, até ao teu lugar, no mar, da saudade...
Esse mar imenso, que inunda a alma...
Alma que grita como se estivesse no fim do mundo...
Como se hoje, não tivesse amanhã...
Ou, simplesmente, ainda estivesses aqui.
Mas nos meus olhos ainda resta um pouco do teu brilho...

Acordar de um sonho...


Todos nós gostaríamos de viver num mundo de sonhos, onde as portas se abrem de par em par, convidam-nos a entrar, a descobrir as sensações escondidas no fundo da nossa mente.
A alma, desenha com cores diversas a paisagem, a floresta e o mar.
Aqui, o ar é perfumado, e cheio de sons suaves, uma melodia natural, que nos embala suavemente.
A noite e o dia co-existem numa harmonia perfeita de sombras e luzes, dando um brilho particular à atmosfera que nos rodeia.
Neste lugar, esquecido, escondido, um jardim secreto, cujo caminho se oculta por detrás dos sonhos não sonhados, das emoções não sentidas, convida-nos a sentir sem o corpo, tudo aquilo que nos rodeia.
Aqui, neste lugar mágico, somos etéreos e o tempo, não marca os compassos da vida...
A beleza que nos afaga a alma é um presente constante do nosso sonho de criança.
Na vida, procuramos sempre encontrar-nos, mas é nos sonhos que descobrimos a essência do nosso ser, é dentro deles que guardamos a vida eterna que sempre ambicionamos ter. Encontrar-me aqui, comigo mesmo, é tocar o limite entre a realidade e o sonho, atravessar a barreira que separa uma dimensão da outra e ser capaz de reinventar a vida a partir da própria essência do ser.
Hoje, depois de sonhar, renasci, como a semente, que hibernou com a chegada do Outono, com o frio do inverno, e que a Primavera fez acordar, de um sonho lindo, para se fazer vida e dar o fruto que alimenta os corpos...
Estes são os sonhos da vida...
Esta é a vida dentro dos sonhos...
O alimento para a alma...
O fôlego para uma nova viagem...
É tempo de acordar deste sonho...

Sol do meio-dia


Alto está o sol do meio-dia...
Aquece o ar, como uma bola de fogo, evaporando as gotas da última chuvada.
As sombras ganham forma e uma leve brisa sacode a folhagem, ainda húmida.
Misturo-me no vento que passa, envolto na maresia da madrugada, levando comigo o perfume do amor, aos quatro cantos do Universo.
Percorro cada milímetro de pele, deixando suaves gotículas deste perfume mágico que desperta os sentimentos.
Neste voo infinito, percorro a Terra num segundo, deixando o mundo da fantasia roçar os corpos da realidade, sacudindo as almas, para um acordar doce e terno.
Nem sempre se consegue abrir a alma ao sopro do amor, nem sempre o simples toque da essência permite que sintas entrar em ti uma nova vida, mas, nos corações mais sensíveis, a noite, calma e tranquila, transporta nas suas letras a fragrância da paz, e do amor eterno.
Tentei invadir-te, conquistar-te, descobrir-te, a cada letra que deixo cair sobre o teu corpo, a cada toque que não sentes, a cada sonho que te conto.
Ainda adormecida, nesta brisa, que te embala, sobre braços inventados de frases descritas, deixas-te levar e o sol do meio-dia seca-te as asas, que se abrem e te farão voar para longe do meu sol...