sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Lar, doce coração


Todos temos um secreto lugar
No mais fundo do nosso ser.
Um lugar só nosso,
Onde só entra quem nós permitimos
E cujo acesso é restrito a poucas pessoas...
Todos temos um abrigo
Nas nossas esperanças...
Cofre dos sentimentos
E emoções mais nossas...
Um lugar profundo
E pessoal dos nossos sonhos,
Dos medos não contados a ninguém...
Esse lugar,
Reino oculto do nosso ser
E do nosso estar,
Só pode ser penetrado
Por um amigo do coração,
Alguém especial,
Que só lá entra
Porque lá vive ...
Sempre lá morou...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Suave toque


Neste jardim plantado por mim mesmo
Cresce a flor que me perfuma.
Tem pétalas de rosa que me acodem a alma
E frequentam o meu coração
Aflito por respirar...
Nas noites sem estrelas
Percorre os meus olhos com as pálpebras
E o pólen enxuga as minhas lágrimas de solidão.
Pouso a cabeça na almofada
E sonho com as palavras em mim,
Com as letras que te escrevo,
Com a luz que me abre caminhos...
Sopra um vento que me afaga os cabelos,
E nos lábios sinto o sabor da saudade...
Já não te toco,
Mas ainda te sinto...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cama fria


Não gosto do frio.
Quando sinto frio
Sinto-me só...
Sinto toda a solidão...
Solidão profunda
Que me invade de vazio...
O frio das paredes,
Dos lençóis,
Do silêncio...
Não gosto de me deitar,
Nunca gostei...
Dormir sempre foi para mim
Um momento de morte...
Morro um pouco
Quando tenho que dormir...
Aquela cama fria que me espera.
Tenho frio.
Vou-me deitar.
Estou só...

domingo, 23 de setembro de 2007

Ser inacabado


Um olhar de fim de tarde
Caído na minha varanda,
Nascia de um rosto rendilhado
Pelo sal das marés...
Tinha bicadas das andorinhas
Que esvoaçavam loucas,
Perante a chegada da tempestade
E do fogo dos caminhos...
Aquele olhar esguio,
Penetrante e de sufoco gelado,
Abria fendas irreparáveis à alma
Que se ia esfumando,
Olhando o espelho
Da minha amargura solitária...
Hoje a minha loucura
É consequência da memória...
De um olhar de nuvens
Carregadas de água,
De uma magia sedutora
Que me vai consumindo o coração
A todos os instantes em que olho o céu,
Em que me vejo ser inacabado
E só encontro as palavras em mim...

IRRA!!!


Se há coisa que me irrita profundamente são pessoas que escrevem sobre coisas que as irrita...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Voo destemido


Flutuo com asas de cera e penas sem nada temer.
No céu entre esquecer coisas e seguir a linha do horizonte...
Sou frágil entre tudo aquilo que me é impossível
E me apaga no tempo enquanto aprendo a voar.
Transformo o futuro,
Voo em ziguezague fechando os olhos,
Tentando encontrar a saída do labirinto
Onde a alma se comove dolorosamente...
Não persigo o sol que não posso tocar...
Persigo sim a felicidade,
Onda de frescura que me poderá salvar...
Não sou Ícaro imprudente,
Mas abro as minhas asas sem receio,
Sei que novos mundos de nuvens feitos
Me surgirão pela frente...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Amote


Li algures a palavra "Amo-te" escrita assim: "Amote".
Pensando bem, julgo que essa seria mesmo a forma mais correcta de a escrever...
Assim, sem o hífen a separar as letras.
"Amote" é uma palavra que transmite a ideia de um sentimento daqueles verdadeiros, fulminantes, capaz de fundir dois seres num só, juntando as letras num abraço para que nada as possa separar e dizendo a uma só voz "Amote".

Special One, José Mourinho


Se há treinadores que saem dos clubes por não ganhar nada, Mourinho sai porque não ganhou tudo. É esta a diferença entre ele e o resto dos treinadores.
Agora pergunto, não será esta uma oportunidade para indicar a porta de saída ao menino mal comportado Scolari e contratar alguém que perceba realmente de futebol?

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

F#d@-se!!!!!


Reconhecem este?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sábias palavras


Um velho sábio ao ver um escorpião que estava a afogar-se, decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez o escorpião picou-o.
Pela reacção de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água voltando a estar em posição difícil.
O mestre tentou tirá-lo novamente e mais uma vez o animal o picou.
Alguém que estava a observar, aproximou-se do mestre e disse-lhe:
"- Desculpe, mas você é teimoso! Não entende que todas às vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo ?"
O mestre respondeu:
"- A natureza do escorpião é picar e isto não vai mudar a minha, que é ajudar."
Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou a sua vida.
Moral da história, não mude a sua natureza se alguém lhe faz algum mal, apenas tome precauções.
Alguns perseguem a felicidade, outros a criam.
Preocupe-se mais com a sua consciência do que com a sua reputação.
Porque a sua consciência é o que você é e a sua reputação é o que os outros pensam que você é, mas o que os outros pensam, não é problema nosso, é problema deles...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Amor felino o meu


Amor felino o meu...
Indomável,
Repentino,
Vadio numa noite sem fim...
Meu amor é veludo
Perdido em lençóis de cetim.
Seu toque é perfume
Despido de jasmim...
Meu amor é guerreiro,
É audaz.
Sabe a mar,
Sabe a vento...
Seus lábios são tâmaras,
Doces,
Suculentas...
Nos cabelos
A essência forte
Do açúcar,
Da pimenta...
Meu amor por onde passa
Deixa marca de garras,
Dentadas na pele fina
De uma pétala doce,
De um perfume sem fim...
O meu amor vem do calor
Do Oriente,
Das terras avermelhadas,
Das tempestades e torrentes
De areia fina e quente
Meu amor vive numa lua cheia,
Permanente.
Sua luz
São raios,
São braços de prata,
Que enfeitiça,
Encanta
E me desgraça...

domingo, 16 de setembro de 2007

Boa publicidade

Lágrima perdida

O sol nem sempre brilha para além das nuvens.
A lua nem sempre se distingue na escuridão.
A vida nem sempre corre como queremos...
Mas nada, nem ninguém vale as tuas lágrimas amiga...
Coragem...
Abre as asas e levanta voo.
Eu sigo-te logo atrás...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Adeus e boa sorte...


Há quem diga que se nota no meu sorriso a felicidade que tu deixaste…
Naquele que ficou sozinho, mas feliz…
Rápido e meigo, de olhos brilhantes e gestos mimados…
Espero que saibas que a terra molhada não me incomoda...
Espero que saibas que os olhares indiscretos não se assemelham aos teus olhos reflectidos nos meus…
Espero que te lembres que o mar cá não chega e que os passos são contados de trás para a frente…
Espero que saibas que o sol já brilha mais e que as luzes aparecem sem contar…
As palavras em mim fogem dos lábios e tudo o que procuro é desocupar saudades, antigas e frágeis de quem ama sem compreender…
É tempo de fugir ao medo e suportar sentimentos, de suster tristeza e esboçar sorrisos…
Momentos apertados de saudade, esses permanecerão na memória…
Mas é tempo de dizer:

"Adeus e boa sorte..."

Estado da nação


Conversa real entre duas mulheres no café.

"- Ouvi dizer que a Grundig vai contratar pessoal."
"- Eu até ia, mas não posso trabalhar porque estou a receber o subsídio de desemprego..."

Enfim, deixo-vos comentar porque eu fiquei sem palavras...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sonhar palavras


Quase 5 da manhã
E que faço aqui?
Deambulo pelas palavras de novo.
Escrevo o que sai de dentro,
Palavras em mim...
Escrevo sem filtro,
Bebo o momento
E lembro o dia…
Corrida constante,
Pausa merecida,
Conversas soltas,
Amigos presentes,
Alguns ausentes...
Revisito assuntos,
Penso o que seria
Se tudo fosse diferente...
Sou ser imperfeito,
Procuro melhorar,
Sorrir de dentro...
Contornar as pedras do caminho,
Viver com verdade,
Sonhar palavras em mim...

Adeus palhaço


Serei só eu, ou também acham que este palhaço não percebe nada de futebol?
Tudo bem que a decisão errada da equipa de arbitragem nos prejudicou, mas foi este indivíduo que fez a nossa equipa recuar perigosamente no terreno, com decisões que não lembram ao diabo.
Para além de bobo da corte, já deste provas de que não vales os euros que Portugal te paga e por tua causa lá estamos outra vez a fazer contas...
Já ias embora não?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

De braços abertos


Olho o relógio
E o dia desliza sem tempo...
Aqui estou eu na revisão,
Tarefas por completar,
Urgências que se impõem,
E desejos que se concretizam,
Ou não...
Um novo amanhã virá.
É bom não deixar de sonhar,
Centrar nos focos mais urgentes,
Redefinir prioridades,
Completar raciocínios,
Quebrar o ciclo da rotina,
Viver sem saudade,
Impor o presente...
Subir uma montanha,
Iluminar o espírito,
Inundar de luz,
Beber o dia,
Sentir cada momento,
Respirar e sorrir à vida,
De braços abertos
Para receber todos aqueles
Que queiram atravessar a ponte
E ficar no meu abraço...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Prazer efémero


As sombras da noite invadiam o espaço, o perfume do incenso subia em espirais de fumo suave, a luz das velas acesas tremia agitando com ela as sombras dos nossos corpos desnudos.
Deixei os meus dedos escorrerem como água sobre a tua pele clara. Percorreram como o vento, cada curva, cada detalhe de ti...
A minha boca, deixou escapar a língua que pousou sobre o teu peito, desenhando sobre ti, como se duma tela se tratasse.
As minhas mãos abraçaram a curvatura dos teus seios, com a luxúria e o desejo guardado por mil anos.
A música tocava tranquila, misturando-se com os perfumes e essências...
Os meus olhos prenderam-se dos teus, que se fecham para sentir mais profundamente...
O teu corpo, colado no meu, estremecia de saudade, recordando os tempos em que alguém nos teve, em que já fomos apenas um e nos amaram até à exaustão.
Senti-te chegar em mim, senti o meu corpo entrar no teu e a alma dissolver-se na tua como açúcar.
Nesse instante, fechei os olhos e juntei-me a ti, para lá dos limites do mundo que apenas os olhos conhecem...
Deixei que os sentidos nos levassem num viagem atrás no tempo.
As almas vibraram ao ritmo dos corpos, em espasmos de prazer, e estes, já exaustos, cederam, suavemente, os corações ganharam de novo uma pulsação suave, a música voltou para relaxar e distendê-los, enquanto as almas dançavam sobre o espaço vazio acima deles.
Essa noite devolvi-te o amor que nos haviam roubado, como há muito o tempo não nos permitíamos, com a força da vida que o corpo carrega, com a intensidade da alma que há séculos esperava por um momento assim, mesmo que de prazer efémero...

Mamonas desportivas


Se é mulher, preste atenção.
Se é homem vá chamar a sua mulher.
Se não tiver mulher, vai ficar com vontade de arranjar uma depois de ler isto. Ou talvez não. Pois bem, a história conta-se em poucas palavras e tem origem em Inglaterra.
Depois de uma pesquisa realizada na Universidade de Portsmouth, ficou a saber-se que as mamas das mulheres prejudicam grandemente o desempenho das actividades desportivas.
A pesquisadora, uma mulher de nome Joanna Scurr, descobriu que as mamas podem balançar uns assustadores 21 centímetros aquando a prática de desporto. Ou seja, as mamas modernas balançam mais do que as antigas, que não ultrapassavam uns moderados 16 centímetros, segundo pesquisas anteriores.
"Existem muitas mulheres que gostam de praticar desporto mas sentem dores por causa do movimento das mamas", explicou Joanna. "Os estudos desportivos sempre estiveram voltados para os homens. Agora é que a coisa está a mudar".
Mas desenganem-se as senhoras de mamas mais humildes. Também elas podem sofrer com as dores, segundo esta pesquisadora. Mas a ajuda está a chegar. Na forma de "suportes especiais". Isto porque os soutiens existentes nos mercados "ainda não são inteiramente confiáveis", já que as mamas "também balançam para os lados".
Se é mulher, sorria. A ajuda está mais próxima.
Se é homem, sorria também.
As mulheres vão continuar a fazer desporto...

domingo, 9 de setembro de 2007

Momento


Alta já ia a madrugada e o meu corpo estendido sobre a cama...
A minha alma esperava-te sobre o umbral do tempo, a brisa do vento da tarde alertara-me para a tua chegada, pois com ela transportava o perfume da tua essência.
Ali sentado, peguei no carvão e sobre a tela, imaculada, deixei que as minhas mãos criassem. Chegaste, sobre a forma dum desenho, brotaste de dentro de mim, como uma criação e ali estavas, olhando-me.
O teu corpo sensual soltou-se da tela onde nascera e fez-se mulher...
O teu olhar, que fixava o meu, invadiu-me, senti o inconfundível perfume da tua pele, os teus cabelos roçaram suavemente a minha face e finalmente, ancoraste em mim...
Os meus dedos, sedentos de ti, percorreram cada curva desenhada, cada detalhe, e os meus lábios, beijaram-te tentando absorver cada pedaço de ti.
Os corpos fundiram-se, numa poção mágica, no silêncio desta noite, madrugada, quase amanhecida.
A minha boca encontra a tua quando a Lua deixa espaço ao Sol e o dia vem rompendo o horizonte, num tom rosado suave...
As estrelas insistiram em não se apagar, aguardaram, queriam sentir a tranquilidade desse momento em que acordaste na minha tela e eu de olhos bem abertos fiz-te mulher...

Tudo ou nada


"Tudo" é uma palavra demasiadamente forte que não gosto de usar, especialmente depois de constatar que, por vezes, basta uma fracção de segundo para que o “Tudo” se transforme em “Nada”.
De repente sente-se a vida passar diante dos nossos olhos, como se de um filme se tratasse e vem de novo aquela sensação de que "Nada" é permanente e "Tudo" é efémero.
Por isso junto-lhe mais duas outras palavrinhas malandras: "Nunca" e "Sempre"… e a lista das palavras proibidas fica completa.
Proibidas é uma forma de expressão, pois para mim nada é proibido, pelo menos em pensamento.
"Sempre" é daquelas coisas que não parecem ser verdade, especialmente quando pretendem referir-se a sentimentos ou estados de alma…
"Nunca digas nunca" - diz o velho ditado e parece que nunca é algo que não podemos mesmo dizer com convicção.
Não quero, nem gosto é daquelas pseudo certezas, como as afirmações daquelas pessoas, que dizem à boca cheia: "quero-te para sempre", ou: "ele nunca me deixa" e de repente, aquilo que parecia ser "Tudo" transforma-se em "Nada"...
Isto, porque as pessoas não querem viver na verdade e arranjam todos os subterfúgios para permanecer numa vidinha de mentira muito conveniente para o social, mas oca por dentro e desprovida do realismo que quero para mim e para os meus.
As verdades podem doer, mas é preferível viver com alguma dor, do que permanecer numa mentira que anestesia as mentes e as impede de ver o brilho do sol reflectido em alguns olhares e sentir o calor e o frio, tanto o do tempo, como o dos nossos corações.
O meu, garanto, felizmente está bem recheado e calor é coisa que não falta por aqui…

sábado, 8 de setembro de 2007

O melhor lado da vida


Gostava de sorrir sempre assim, com um objectivo em mão, porque quando sorrimos o mundo parece-nos muito melhor…
Pode não ser o melhor objectivo, pode não ser o mais importante, mas só por já haver um…
Sentir o coração disparar, sorrir e voltar a bater…
Às vezes não é o objectivo em si, é o facto de haver um…
Á vida é curta e penso que o facto de estragarmos certos momentos por feitio, ou por teimosia é pura burrice do ser humano…
Se somos felizes porquê complicar e exigir mais?
Exigir e exigir até ficar sem nenhum propósito de vida, até ficar sem nada…
Porquê desistir se na borda de um caminho está a verdadeira razão de continuar a viver?
Falo do perfume da flor de canteiro e da abelha que corajosamente rouba o pólen à planta…
Falo do vento que me despenteia o cabelo…
Falo do sabor da terra na pele e da sombra da árvore…
Falo do sorriso, do canto puro das aves…
Falo das primeiras palavras de uma criança…
Falo do mundo...
Falo de todos…
Falo de propósitos…
Falo da luz, do som, do doce e do amargo...
Falo de amor...
Mas o mundo parece não entender...
Quando falo, olham como se fosse doido...
Olham como se falasse em fantasias...
Olham...
E não conseguem ver o melhor lado da vida...

Luciano Pavarotti R.I.P.


Um homem...
Uma obra...
Um legado...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Porque mudam as pessoas?


Só sei que nada sei,
Que nada tenho...
Chamei tantas vezes o teu nome
No amor ...
Na loucura...
No calor...
Será esse o teu nome?
Chamar-te-ia realmente?
Quem és tu que habitavas os meus sonhos?
Tu que sorridente invadias o meu espaço,
Que no meu corpo ganhaste guarida ?
Nada sei de ti...
Dizias tanto e tão pouco
Em gestos loucos,
Somente o que contavas
Nas palavras em ti...
Tecias vendavais no meu corpo
E dizias palavras tantas,
Mas que sentido tinham
Na aurora do dia?
As noites foram promessas,
Juras,
Ternuras...
Aninhado no meu corpo,
Julguei saber-te em mim...
Sonhos e mais sonhos
Que arrancaram aos poucos
Pedaços de mim
E subitamente vejo-me assim...
Tiraste-me o chão,
Alteraste o norte,
Sem raízes nem caminhos
Morri aqui...
Quem és tu?
Quem sou eu?
Quem fomos nós?
Porque mudam as pessoas?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Tolos


Face aos últimos acontecimentos, nomeadamente ao sucedido com António Puerta pensei falar um pouco sobre a morte, mas para ser sincero não me apetece...
Aliás, não me apetece sequer falar ou escrever...
Apetece-me sim abraçar aqueles que amo e constatar que estão comigo, senti-los bem juntos de mim e num silêncio respeitador ficar assim, como se fosse um templo, numa oração muito minha beijar os meus...
Preferia talvez hoje falar da vida e dizer que somos tontos, imbecis, loucos até quando nos preocupamos com uma borbulha, com uns quilos a mais ou a menos, se o Manel gosta da Maria, com a roupa, as marcas, a moda, os carros, as jóias e tantas coisas que, afinal de nada valem...
Perdemo-nos em pormenores sem importância, em correrias sem sentido, quando final a única coisa importante já temos...
A vida...
Desperdiçamos nós oportunidades de afectos e sentimentos por coisas vãs, fúteis e vazias...
Somos tolos...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Chama eterna


Quantos séculos terão passado,
Anos ou meses,
Talvez dias apenas,
Momentos...
Não sei.
Julguei estar livre
Do teu encanto,
Que engano...
Receio sempre que tenhas morrido
E eu aqui sem te saber viva...
Quando tenho essas angustias
Procuro por ti.
Venho encontrar-te
Renovada,
Evoluída,
Em tudo o que escrevi...
Se por um lado é maldição
Ver-te mesmo quando não te procuro,
É também alívio o que sinto
Quando te revejo-te tão segura...
A vida tem destas graças,
Querer-te não te querendo.
Temendo que um dia não existas
Mesmo não existindo eu para ti...
É verdade...
Há chamas que não morrem
Só porque as apagamos...

domingo, 2 de setembro de 2007

Red Bull Air Race


Ontem foi assim, de olhos postos no céu...
Red Bull Air Race, o campeonato do mundo de aviões que teve lugar este sábado em pleno rio, entre as margens do Porto e Gaia.
600 mil pessoas assistiram a uma competição que não deixou ninguém indiferente.
Para o ano há mais...

Um triste alegre


A tristeza é um convite
Ao desperdício dos dias...
Lágrima que já não cai,
Olhar dormente vazio
Nas últimas horas dos dias...
Sofrimento
Que já não tenho nem sinto...
Tu...
Feitiço quebrado,
És meu sangue parado,
Morto,
Vazio...
Tudo deixou de ser
De estar,
De existir...
Resta-me o vazio
Do meu olhar parado.
Cálido,
Num corpo sem vida...
Sentir?
Qual sentir?
Se já não sinto quem sou,
Nem sinto quem és,
O que és,
Ao que vens...
Em mim nada habita,
Nada floresce.
Geada de pedra onde cresce
Erva daninha...
São meus braços troncos,
Estéreis,
Frios,
Onde tudo finda...
Fecundo é o mar que lava a alma
Na noite negra do meu baptismo...
Rosa dos ventos,
Perdida seara...
O fogo purifica os corpos,
O mar os olhos...
Tristeza
É amar sem ser amado,
É nunca ter sabido amar,
É estar só e não saber ser gente...
Tristeza
É ser tudo e não ter nada,
É ver quem passa
Não tendo para onde ir também...
Tristeza
É ter um sentimento que já não tenho,
É saber-se nu sem ter o que vestir,
É saber-se amado e não amar...
Sábias palavras,
Só é triste quem quer ser...
Eu invento-me e renasço
Num mergulho profundo
No centro da terra.
Pelo mar subo
Ao fim de mim...
E quando julgarem que é esse o meu fim
Estarei olhando quem passa,
Rindo de alegria
Mesmo que irónica,
Pois eu serei sempre assim...
Um triste alegre,
Nunca um alegre triste...

sábado, 1 de setembro de 2007

A caminho de casa


Sempre que posso caminho sozinho...
Passos errantes contra o vento
Nas ruas estreitas e escuras,
Nas vielas frias confusas...
Independente face ao tempo
Destaco-me nas sombras solitário,
Em horas mortas loucura...
Caminho em passos medidos,
Traço caminhos na lua...
As sombras é que me guiam,
As estrelas me iluminam
E os lobos me acompanham,
Aguardando uma fraqueza final...
Fraqueja a vontade mas não o passo
Solitário sigo o meu caminho...
Nas sombras figuras,
No olhar a desventura,
Sorriso sincero num canto da boca...
Coragem,
Continuarei a levar os meus passos,
A caminho de casa...

De ninguém


Deixo o corpo e perco os sentidos.
Deixei de sentir o vento e o tempo.
A tua voz nunca cantou para mim
E as palavras em mim
Nunca fizeram para ti sentido.
Tudo se perdeu,
Mas nem tudo foi em vão...
Os olhos recusam-se a ver-te,
As mãos a te tocar
E neste silêncio cheio de palavras
A escuridão abafa o sentir
E não és minha,
Nem eu te pertenço...
Já nada vejo,
Já nada sinto,
Mas não esqueci quem sou...
Sou de todos...
Não sou de ninguém...