quarta-feira, 30 de abril de 2008

Mundo ao contrário


É na escuridão da noite que as palavras em mim ganham forma, como se no branco da tela se revelasse o negro do carvão em traços rasgados pela escrita.
Hoje são apenas uma miragem, não existem, apenas as invento no universo da minha alma. Ontem foram quase realidade que toquei com as pontas dos dedos sem ser capaz de as possuir.
O verbo, reflexo visível da acção da alma é em si, jardim de um paraíso perdido atrás nos tempos de um pretérito imperfeito.
Deslizo sobre o papel imaculadamente branco, adivinho nele palavras em mim que nascem ali, em curvas perfeitas, em traços suaves, criando formas que sei não existirem, mas que acredito poder sentir.
É assim, neste mundo de fabulosas ilusões que me recrio, dia após dia, noite após noite, como se o tempo não passasse de um círculo fechado onde tudo começa, onde tudo o resto acabou.
Esvaio as palavras em mim em frases cheias de nadas, embaladas pelo silêncio suave que se impõe quando percorremos sozinhos e descalços o deserto da nossa própria solidão, envoltos num mar de gente que nos é completamente indiferente.
Por vezes parece que fazemos o mundo girar ao contrário...



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Enterro da Gata 2008

Revelado o cartaz das monumentais festas do Enterro da Gata 2008. Tudo bem que não é um cartaz de sonho, certamente o apertado orçamento não o permite, mas mesmo assim foi o possível. No meio disto tudo, o mais importante é mesmo o espírito destemido de desbravar aquele terreno de terra e lama, na companhia dos irmãos de curso e brindar com o néctar dourado dos Deuses...

Alma


Mais não sou que um suspiro sem fôlego…
Sonho sem sonho,
Vida sem vida…
Espírito livre que voa sem destino…
Imagem reflectida em cada lágrima caída,
Em cada lagoa de um olhar perdido.
Imagem de quem não sou...
Corpo sem corpo,
Coração sem coração…
Pensamento que não pára…
Sensação de vazio que somente é o vazio.
Vazio que o tempo não dá tempo
Para preencher o que sou...
Sou apenas uma alma sem alma…

quinta-feira, 17 de abril de 2008

De pequenino...


... é que se torce o pepino :)

Batida


O dia renasce com lágrimas de chuva e o mundo parece tão frio, tão vazio…
Olho as ruas que reflectem o cinza das nuvens e deixo o pensamento vaguear...
Tudo tinha magia quando as palavras em mim eram feitas de sorrisos. Os sonhos nasciam nas pontas dos dedos, baseados nas telas que o pensamento pintava de azul.
Havia ilusões que se criavam e faziam a alma voar, havia vontade de segredos, de desvendar mistérios e de construir enigmas com os sentidos…
Houve tempos em que o silêncio era uma dor e logo o som calado das palavras em mim escritas enchiam páginas de sentimento.
As lágrimas de chuva escorriam pela janela, escondidas pelo desejo de dar carinho, mascaradas pelos raios de sol que os sorrisos traziam.
Sinto falta de ser embalado pela batida de um coração de palavras em mim feito, escondido nos recantos da alma.
Sinto falta de todos aqueles ritmos e sons, que mesmo estranhos, eram aqueles que faziam o dia brilhar…
Eram os que faziam os sonhos encher as noites de solidão…
Saudade daquilo que senti, usando as batidas que as palavras em mim me davam…

terça-feira, 15 de abril de 2008

Defeito borboleta


Tudo o que deixamos por fazer num determinado momento pode impedir a realização de futuras situações que tanto ambicionamos.
Por vezes é necessário agarrar a vida pelos colarinhos, olhá-la nos olhos e simplesmente arriscar. É certo e sabido que a voz do povo apregoa que "Quem tudo quer tudo perde", mas não é menos verdade que "Quem não arrisca não petisca".
É tudo uma questão de definir ambições, fazer uma pausa para inspirar profundamente e gritar a plenos pulmões "Que se lixe, ou sim ou sopas"...
Enquanto esperamos pela oportunidade certa, uma série de oportunidades tidas como erradas, ou menos certas, passam diante dos nossos olhos, sem que consigamos fazer nada.
Por isso o melhor será não esquecer que alguns dos mais extraordinários perfumes são retirados de flores com espinhos...

Esperança


Palavra que conheço plenamente.
Percebo cada reacção inconsciente que a esperança me revela, quando me olha, quando me sente...
Entendo, como ninguém a essência da sua génese. Conheço-a de todos os ângulos, vivo-a em todos os tempos e desvelo em si o cântico das aves quando estou sozinho.
Sei encontrar em si as fontes que jorram a inspiração mais inconfessável do seu ser, os sonhos mais loucos, as fantasias mais secretas...
É-me translúcida como a água que brota da fonte, como o vento que trepa a montanha, como a luz que corta as gotas de água da chuva num arco-íris de cores.
É nela que adormece o meu espírito e onde mora a minha alma, o caminho para o seu jardim secreto.
Conheço-lhe as letras, palavras que forma com os sentidos que agarrar em cada encontro com as palavras em mim...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Troca de mimos

Muita discussão se tem gerado em torno do sucedido na escola Carolina Michaelis, onde uma aluna agride a docente, por esta se recusar devolver o telemóvel, entretanto apreendido.
No entanto, e para limpar a imagem dos alunos, outros há que tratam com muito carinho os seus professores.
Se não acreditam, vejam a troca de afecto demonstrada no seguinte vídeo.

domingo, 6 de abril de 2008

Estilhaçado


A percepção da realidade
Traz-me cada vez mais
O cansaço da amargura.
Cobre a minha pele
Com uma película transparente,
Mas enganadora.
Sinto que a todo o instante
Uma bala pode se atravessar
No meu peito
E fazer estremecer o mundo
Onde somos tão frágeis.
A dor é página de livro
Que se rasga de nós
E nos larga aos pedaços
No meio da rua...

Planeta Azul


Futebol Clube do Porto, TRI Campeão Nacional 07/08.

sábado, 5 de abril de 2008

Caminhando no escuro


A escuridão é agora o lugar onde me escondo, as sombras são a companhia que me abraça e o silêncio o ombro amigo que me ampara...
Não voo já no espaço aberto da noite, não conduzo na ponta dos dedos os sonhos, não ilumino os céus porque meu olhar perdeu por momentos o brilho...
Hoje a noite é apenas um espaço entre dois dias.
A ausência de palavras em mim deixa muda a voz que não se propaga, a racionalidade invade o corpo, aprisionando a alma em seu interior, hoje perdi a liberdade de voar, deixei as convicções caírem e os sonhos dormiram e não mais despertaram.
Pergunto-me onde estão os sentires, a essência do amor, a paixão dos instantes em que nos oferecemos...
Pergunto-me como podemos perder-nos e não mais nos encontrarmos...
Não sei onde estou, perdi a noção de lugar, de tempo, deixei o vazio vestir o meu corpo, deixei a solidão tomar de assalto a minha alma mergulhando o espírito nas águas gélidas do sono profundo.
Hoje sinto-me só, caminhando no escuro...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pinóquio


Tendo em conta as inúmeras manifestações de tristeza e prematuro saudosismo, e antes que uma multidão se mobilize com o propósito de me dar tau-tau, a noticia avançada ontem, dia 1 de Abril, sobejamente conhecido como sendo o dia das mentiras, a mesma foi, de facto uma pequenina mentirinha.
Ou pensavam que estavam livres da minha veia brincalhona?
É então, para júbilo próprio e, modéstia à parte, vosso também, que anuncio que o blogue não vai acabar, pelo menos nos tempos que se avizinham.
Enquanto houver palavras em mim, nada me irá impedir de continuar a escrever.
Posto isto, espero que me desculpem a mentirinha e cá estarei para vos receber de braços abertos neste meu humilde cantinho.
Para aqueles que me ameaçaram de porrada, só tenho um pedido a fazer:
Paz e amor, sim?

terça-feira, 1 de abril de 2008

O fim


Chegada a última página de um livro de palavras em mim escrito, é tempo de parar e reflectir sobre tudo o que foi escrito, pensado e principalmente sentido. Palavras escritas por vezes em letras garrafais nas paredes, onde todos as pudessem ver, outras vezes escondidas nas entre-linhas de um parágrafo...
A todos agradeço a simpatia de visita, a amabilidade dos comentários e a amizade que me foi transmitida.
É tempo de partir.
As palavras em mim chegam ao fim...