segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mar de palavras em mim


Porque avanças furioso sobre os grãos de areia?
Qual a razão da tua ira?
Porque atemorizaste aqueles que em ti se aventuraram em busca de novos mundos?
Quantas mais vagas serão necessárias até que chegue a calmaria?
Que fúria é essa que te faz avançar e recuar, sem deixar uma palavra de carinho?
Mar, se eu fosse como tu, as palavras em mim estariam perdidas e o meu mundo sem sentido...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Intemporal


O dia e a noite são ciclos que marcam um quotidiano. Entre eles há momentos, amanheceres, entardeceres, luz e escuridão, mas é sempre dia em algum lugar.
Mesmo que não vejamos a luz do Sol, haverá sombras onde haja luz porque neste equilíbrio universal não há dia sem haver noite, não há sombra sem haver raios de luz.
Intemporal é o que está para além do tempo, e mesmo nas pedras gastas das calçada se caminha rumo ao futuro...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Relógio de sol


Voltou o sol quente a repousar no meu rosto, raios de luz que iluminam meus dias que passam cada vez mais devagar, onde o sol teima em ficar lá bem no alto, muito para além do meio-dia. Recusa-se a abandonar seu trono, teimando em permacer altivo, soberano, exibindo sem pudor a sua coroa de ouro reluzente.
Chovem dos céus gotas de luz, partículas de calor que fazem tudo e todos caminhar mais lentamente.
As sensações e emoções fervilham nas veias, tudo parece ganhar um brilho diferente, que nos faz parar para olhar, sentir e recordar tudo aquilo que as palavras em mim disseram em momentos de felicidade.
O passado lembra-nos quem fomos, o futuro fará de nós inesquecíveis e cabe-nos a nós próprios escrevê-lo, no final de contas, apenas meio dia passou, outra metade ainda está por passar...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Madrugada


A noite acaba e fico calado, quieto...
Deixo o silêncio amadurecer tudo aquilo que disse, que escrevi e deixo as palavras em mim ganharem saudades de mim, de ti, de alguém...
Paro, deixo os dedos repousar sobre as teclas gastas do computador. Paro para olhar, de olhos fechados, deixar de sentir na escuridão da noite.
Simplesmente paro, para respirar...
Paro de ouvir, por entre o ruído do dia, na calada da noite, as vozes que choram e sonham com paradigmas perdidos.
Paro para pensar, para deixar de sonhar...
Paro no meio da rua, sem temer o atropelo das massas, paro entre as árvores do jardim, para apreciar a natureza, a realidade que os meus olhos observam...
Guardo as palavras em mim que ainda sobram, acomodo-as no baú da minha alma, onde guardarão a saudade, o sonho e a utopia envoltas em papéis envelhecidos.
Deixo o corpo seguir nas ondas da vida, entregue às correntes deste oceano de gentes que flui de um lado para o outro sem saber para onde ir...
Deposito os sonhos, num barco de papel, rumo a lado nenhum, esperando que a fraca consistência da embarcação, não os faça naufragar.
Amarro as palavras em mim, fechando as mãos para que não me fujam para lugar nenhum, necessito delas para parar e olhar o futuro que nasce a cada madrugada...