segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Beija-me


Vem, senta-te a meu lado.
Segura a minha mão, encosta a tua cabeça no meu ombro e ajuda-me a escrever.
Deixa nossas mãos percorrerem as linhas em branco de um futuro ainda por realizar. Escreve comigo o presente, o nosso presente.
Diz-me com que letras escreves as palavras em ti e mistura-as com as palavras em mim numa amalgama de sentimentos, de emoções reais jamais imaginadas por nós, em nós, nas palavras em nós.
Faz de nós sujeito na conjugação do verbo amar, personagens principais desta história de encantar.
Conta-me com que cores pintas o sol que amanhece todos os dias e fala-me da lua que nos embala em noites de sonhos realizados.
Descreve-me o turbilhão de sensações que percorrem os nossos corpos unidos pelo sentimento.
Canta-me letras de músicas de amor, ritmadas pelas batidas dos nossos corações acelerados.
Quero que me digas tudo o que pensas, o que queres, o que sonhas e, sobretudo, quero que me digas o que sentes.
No entanto, não o digas já.
Agora, apenas cala-te e beija-me...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Folhas de Outono


Folhas de Outono voam perdidas,
Arrancadas pelo feroz vento.
Voam secas, castanhas,
Apodrecidas pelo tempo.
Folhas de Outono esquecidas,
Separadas de suas vidas.
Em montinhos arrumadas,
Ou sozinhas afastadas,
Folhas de Outono caídas,
Tristes, abandonadas.
Sou folha de Outono por ti colocado,
Nas páginas do teu diário sagrado.
Vivo por entre as palavras em ti,
A sete chaves guardado...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Negra noite


Vagueando por ruelas frias e hostis, onde se escondem vilões de filme de terror, seguia meu corpo desprovido de desejos, abandonado pelo amor e os sonhos roubados.
Havia perdido a fé, a esperança num amanhecer solarengo, há muito que as palavras em mim se escreviam a carvão negro, em paredes sujas e vazias de sentimento. As palavras em mim mal se viam, mal se ouviam, mas persistentes como sempre lá foram sobrevivendo.
Porém, foi na mais profunda penumbra, no mais escuro negro que encontrei inesperadamente o conforto que minha alma buscava.
Por entre os edifícios deste beco sem saída, de olhos postos no céu sarapintado de estrelas, encontrei-te. A ti, a estrela mais brilhante de todas, rasgando os céus desenhando um sorriso na negritude da minha vida.
Havia caído, por momentos mal consegui rastejar, mas agora voo de asas abertas nesta negra noite, envolto no carinho do teu sorriso.
Afinal, o negro também é uma cor...