quarta-feira, 4 de junho de 2008

Madrugada


A noite acaba e fico calado, quieto...
Deixo o silêncio amadurecer tudo aquilo que disse, que escrevi e deixo as palavras em mim ganharem saudades de mim, de ti, de alguém...
Paro, deixo os dedos repousar sobre as teclas gastas do computador. Paro para olhar, de olhos fechados, deixar de sentir na escuridão da noite.
Simplesmente paro, para respirar...
Paro de ouvir, por entre o ruído do dia, na calada da noite, as vozes que choram e sonham com paradigmas perdidos.
Paro para pensar, para deixar de sonhar...
Paro no meio da rua, sem temer o atropelo das massas, paro entre as árvores do jardim, para apreciar a natureza, a realidade que os meus olhos observam...
Guardo as palavras em mim que ainda sobram, acomodo-as no baú da minha alma, onde guardarão a saudade, o sonho e a utopia envoltas em papéis envelhecidos.
Deixo o corpo seguir nas ondas da vida, entregue às correntes deste oceano de gentes que flui de um lado para o outro sem saber para onde ir...
Deposito os sonhos, num barco de papel, rumo a lado nenhum, esperando que a fraca consistência da embarcação, não os faça naufragar.
Amarro as palavras em mim, fechando as mãos para que não me fujam para lugar nenhum, necessito delas para parar e olhar o futuro que nasce a cada madrugada...

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