sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Coração de gelo derretido


Os ventos glaciares invadem-me a alma, plena de ausências passadas, vazios feitos de nadas...
Gelam-se os dedos, perdem-se as palavras entre as linhas do tempo, arrefece o espírito que se evapora nas nuvens escuras da tormenta.
Cai a neve, sobre minhas folhas amareladas, sinto nos ramos o seu peso, como se carregasse comigo toda a solidão da Terra.
Faz-se a noite da ausência do dia e eu, deixo o coração perder-se da falta de ti.
O tempo passa por mim sem me cumprimentar, vejo-o ir embora e deixo-me aqui ficar, esperando ingloriamente a tua chegada.
Cruzo as estrelas com um olhar, tentando lá te encontrar, perscrutando os céus, paraísos perdidos, em busca de tudo, à procura de nada.
Perco-me do destino, desencontro-o para não ter de me cruzar, quero ficar, só, nesta noite fria, deixar de sentir o meu corpo clamar pelo teu, calar a minha alma e não chamar por ti, quero apenas ficar sozinho, aqui...

2 comentários:

Suave toque disse...

Não deixe nunca que sua alma se cale, é a maior essência que existe em ti.
Bjs

Anónimo disse...

Ainda bem que existes. Ainda bem que vives. Ainda bem que estás aí. Feliz de mim que "te" leio...Sabes, com toda a certeza, o quanto é difícil, às vezes, acreditar que no mundo ainda vivem pessoas com uma alma imensa....uma alma que não sucumbe às pressões da sociedade, às modas, aos tiques, aos gestos e às palavras feitas, ao concreto, e ao que dá muito mais valor à forma do que à essência, ao palpável do que ao invisível, às sensações (fugazes) do que ao sentimento (perene)... Ainda bem, digo eu, com toda a alegria, ainda bem que estás aí. Com a tua existência a minha esperança continua viva, a minha afeição por esta vida, por estes tempos, permanece. Afinal ainda existe quem seja capaz de olhar para o mundo com os olhos lavados, reparar nas coisas e guardar para si algo, referente a essas mesmas coisas, ainda que banais, ainda que indiferentes para os comuns mortais. Estes são marionetas neste mundo, são básicos. Mas tu não. Tu sabes o que é o Sentimento. Consegues inundar-te dele. E ainda que esta condição te faça vaguear por caminhos tortuosos, onde o peso do que carregas em ti te afunda, te magoa, doí, arde,...ainda assim tu sabes que vale a pena. Sabes, sabemos. Nós podemos por vezes caminhar pelo vazio, e tantas vezes quantas as estrelas que há no céu desejar ser invadidos por esse vazio, nem que seja por um segundo, para nos aliviar a dor...mas essa realidade não é para nós. Não é e ainda bem. Porque nós não sabemos ser assim: vazios. É esta a nossa condição. E "ter-te" aqui dá-me o conforto de não me sentir sozinha. Quem sabe, um dia, não nos cruzamos por estes caminhos? Pois por certo sei que cada vez menos são aqueles que os percorrem...assim, será fácil ver-te. Pois que alegria me enche agora a alma!