terça-feira, 31 de julho de 2007

Paciência


Durante todo este tempo, muitas foram as palavras que te escrevi envoltas em sentidos...
Ofereci-te os sons, o toque e os olhares que, apesar de não veres, sempre se cruzavam em cada letra escrita, em cada frase sentida, a cada música não tocada.
Sabes, a magia que os sentimentos encerram, pode e deve ser desenhada de todas as formas possíveis, só assim conseguimos atingir a plenitude...
Só assim conseguimos sentir....
Só sentindo conseguimos viver...
Neste espaço de palavras em mim, onde espalho os meus sentimentos, encontrar-me-ás sempre que a tua alma precise beber nas letras de uma simples palavra, o sentimento que nenhum toque, olhar ou som te consiga dar.
Quem sabe, nesse momento, não descobrirás a chave que abre uma nova dimensão.
Partiste, anjo cor-de-rosa...
Foste pousar em outras flores...
Procurar aquilo que julgaste não encontrar aqui.
Que o vento te seja favorável nessa viagem.
Eu...
Eu sei que a vida não pára...
Mas também sei que preciso ter paciência...

Dia Mundial do Orgasmo


Realmente ele há dias para tudo e mais alguma coisa, porque não um dia para celebrar esse momento sublime...
No entanto, neste caso o sol não parece nascer para todos, segundo um estudo realizado em Inglaterra, cerca de 77% das mulheres daquele país nunca atingiu um orgasmo.
Resta-me daí concluir que as restantes 23% são as que já passaram férias no Algarve e conheceram esse guru do sexo, o grande Zézé Camarinha, o ex-líbris do turismo no sul deste cantinho à beira-mar plantado...
Espero que aproveitem para celebrar da melhor maneira este dia... ;)

Carta sem resposta


Escrevo compulsivamente em mais uma folha em branco no livro da vida.
Aqui, sentado à luz da noite, sinto a falta das tuas palavras que ecoam ainda como lembranças ténues na minha alma.
Nesta nova página imaculada, escrevo-te uma carta...
Uma carta que vais receber, que irás ler, mas que não poderás responder...
Uma carta que desenha com palavras os sentidos que acordaste em mim.
Com a saudade a queimar-me o peito, deixo que a noite conduza a mão sobre o papel.
Na incansável busca na noite escura, nesta eternidade que se esgota, mas nunca acaba, caminho por entre os trilhos de muitas vidas, procurando por sinais de ti.
Sinto o teu chamamento, mas não te vejo, escuto a brisa contar-me de ti, mas não te alcanço.
Sei que existes, mas não sei onde encontrar-te...
Procuro-te, dentro dos corpos que se cruzam com o meu, remexo nas almas que batem à porta, tentando encontrar o fio condutor que me levará até ti.
Sempre que julgo encontrar-te, evaporas-te, como uma fragrância, deixando atrás o teu perfume, que me faz sonhar, apenas sonhar...
Onde estás minha alma gémea?
Que me faltas nas palavras, que deixas os meus sentidos sedentos dos teus.
Nesta noite escura, retirei as minhas asas, sentei-me para te escrever, porque as palavras continuam a brotar-me dos dedos, à procura das tuas, à procura de ti.
Deixo ao vento, o livro aberto, na esperança que ele se encarregue de levar-te na brisa, as letras desta carta que te escrevi, que receberás, que irás ler, mas que não poderás responder...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Definitivo


Quantos de nós não recebeu uma carta, ou um email de um completo desconhecido que nos traz as palavras certas no momento certo?
Pois bem, minutos atrás recebi um email de uma pessoa que desconheço por completo, nem mesmo sei o seu nome, mas essa pessoa enviou-me um poema da autoria de Carlos Drummond de Andrade com o título "Definitivo".
Um poema que quero partilhar com todos os meus leitores, com todos aqueles que são um bocado de mim, espero que gostem...

Definitivo

"Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente connosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."

Carlos Drummond de Andrade

Recomeço...


Não há nada que me anime mais do que sorrir, embala-me a alma no expoente da felicidade...
Gosto de sorrir...
Gosto das palavras brandas, temperadas de amizade e proximidade...
De gestos bonitos, de honra, de personalidade, das pessoas que gostam e sabem estar na vida.
Gosto da paz, da pedra lavrada, esculpida à mão livre pelo tempo...
Gosto das estradas que me levam a algum lugar, mesmo que aí não fique...
Gosto dos sulcos da face de uma mulher e de fazer amor, porque é a forma máxima de expressão dos sentimentos verdadeiros...
Gosto do riso dos adultos porque é difícil, das caras queimadas do verão, da coragem dos homens que se recusam a vergar à adversidade do vento que enche as velas da vida.
Gosto de quem perdoa e abraça, de quem usa o coração para guardar a vida e não a magoa...
Ainda me lembro de cor os traços da tua cara e da tua magia que viveu sempre em mim.
Os nossos dias mais não foram que a minha magia reflectida em ti, tornada palavras e essas subsistem mesmo depois de teres partido.
Bem me conheces, faço parte dos erguidos do chão, daquela raça de gente que teima em ser feliz mesmo que para isso tenha que derrotar a vida num combate singular.
Voltei ao meu cantinho...
Voltei só, mas em paz com o sentido do dever cumprido.
Embainho agora a espada...
É tempo de dar corda ao relógio...
É tempo de voltar à casa de partida...
Hoje é o novo primeiro dia do resto da minha vida...

A escrever como sempre...


Calço umas botas de sola gasta e prossigo subindo a encosta da vida, aprendo em cada passada, a certeza duma busca perdida.
O corpo, cansado, dos passos que deu, a alma pesada pelos séculos que perdeu.
Procuro encontrar o caminho de volta à casa das palavras, onde deixei, escritos e fórmulas, em épocas passadas.
Quero sentar, sobre a velha cadeira, pousar a minha mão sobre a pena, deixar nas páginas vazias, o cheiro da tinta, com sabor de palavras em mim.
Quero perder-me a contemplar, da janela, o luar, e a floresta que desenhei, sentindo o vento soprar.
Ao meu castelo quero voltar, por lá deixei os sentidos, que agora que ando perdido, preciso encontrar...
Nas noites etéreas, em que me sento e descanso, solto no vento o meu pranto, deixo a alma vaguear, por todo este mar de desencantos.
As telas não desenhadas, campos estéreis, esperam pela minha mão, para desenhar sobre elas os traços de ti, que encontrei espalhados por aí.
Em vidas, outrora vividas, colhi as histórias, sentimentos e palavras, que carrego comigo, sempre que regresso ao lugar onde um dia comecei a caminhar, nesta busca perdida para te encontrar.
Caminhos distantes, lugares recondidos, gravaram-me na alma o sabor dos instantes, o gosto de outros seres, e os pedaços perdidos que de ti fui encontrando ao longo desta viagem imensa que mais uma vez chega ao fim.
Não existe final, sem um novo início, e amanhã, quando o sol me despertar, recomeçarei de novo...
A escrever como sempre...

Renascer


Meu corpo inerte sobre a areia da praia,
Esperando que viesses salvar-me do resto do mundo.
Perdi as minhas forças no último sopro da brisa do mar.
Deixei o meu corpo ficar
E a minha alma voar.
A noite chegou e ali me encontrou,
Coberto pela areia que o vento soprou sobre mim,
Vazio...
Só.
Esperei por ti,
A cada segundo,
Em cada instante,
Sonhei-te...
Desejei a tua boca,
Procurei tocar-te na areia da praia,
Tentei sentir-te na água do mar...
Mas não vieste e eu adormeci,
No sono eterno de um final de tarde,
De um final de vida.
Era madrugada quando chegaste
E apenas o que restava de mim havia ficado,
Tocaste a pele inanimada,
Morficada,
Sem vida...
Chamaste-me e eu não respondi,
Porque a minha essência havia partido,
Mesmo desejando ficar.
Naufraguei, quando esperava ser salvo...
Morri quando me preparava para viver,
Abandonei-me quando esperava que me encontrasses.
Agora...
Agora apenas me resta renascer...

domingo, 29 de julho de 2007

Descanso do guerreiro


Estendido nesta cama, o corpo dorido de um dia intenso, repousa sobre a seda dos lençóis.
A alma, viaja para longe, envolta em sonhos e quimeras, deixando-o ali, abandonado, sozinho, vazio de vida.
Esta noite as estrelas serão sinais que me guiarão nesta viagem distante a lado nenhum.
Esta alma desprovida de sentidos, seguirá o caminho infinito da noite escura, procurando-se a cada estrela, descobrindo-se em cada galáxia, para que possa regressar e ter fôlego para fazer o corpo que a perdeu, caminhar pelas pontes da vida.
Depois dos sonhos, o raiar do dia chama-me de volta, o corpo dormente, inanimado, espera-me, com a saudade que o vazio lhe deixou.
Regresso, para um despertar novo, que o dia, dissolvendo a noite, voltará a fustigar, deixando-o exausto, no final de mais um dia.
Obrigado amiga por este dia.
Fizemos ou não a festa?
Venha a próxima... ;)

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Árvore de luz


A minha vida sempre foi feita de longas noites...
Noites em que parei para pensar o que iria fazer do resto dos meus dias...
Esta é mais uma dessas noites, olho o dia passado, vejo que parei na berma do caminho e deixei-me ficar.
O meu tempo seguiu em frente e eu, simplesmente, parei.
Fiquei a observar, as outras vidas que passavam, vi-vos passar a todos, escutei conversas, senti a desilusão dos vossos maiores fracassos, sonhei com todos os vossos maiores sonhos.
A ti vi-te partir, tão rápido como chegaste e deixei-me ficar, parado, sentindo o vento passar, perdido do meu tempo, sem tempo algum onde me encontrar.
Nos momentos de solidão, enquanto naquela estrada não passava vida nenhuma, pensei em tudo o que vivi até ali, sonhei com o que teria vivido se seguisse o meu tempo, meditei sobre as decisões que tomei.
Aprendi, com cada vida que passou, colhi para mim pedaços das vossas histórias, e com o passar do tempo, os meus pés criaram raízes, os meus braços folhagem, o meu corpo, agora adormecido, tornou-se tronco forte.
Hoje, sou uma árvore, na berma da estrada da tua vida.

sábado, 28 de julho de 2007

Cais deserto


Horas passadas sentado no cais de onde parti,
Quem sabe desta vez para não mais regressar.
Deserto aquele cais ficou...
Noites esquecidas diante do fogo das estrelas
Desfazendo-me na cinza de cada passo.
Lágrimas que me transformaram a pele em gelo
E o coração triste num glaciar sem sentido.
Palavras escritas em folhas sem nome
Porque a vida se limitou a passar.
Sorrisos ausentes numa alma quase demente,
Num corpo cheio de loucura em busca da ternura.
Um tempo...
Um gesto...
Um olhar que se apagou...
Um coração...
Uma vida...
Um sonho que acabou.

Palavras vãs


Palavras foram réstias de esperança,
Foram redes separadas que se juntam tantas vezes insensatas.
Às vezes definem um contacto sem ligação,
Feito incorrectamente.
Actualizam sentidos mas tornam-se indisponíveis
Aos ajustes necessários feitos à alma do momento.
Deixam-se para depois.
Tenta-se mais tarde falar com elas,
Falar através delas num silêncio não correspondido.
Examinam-se e detectam-se falhas na linguagem.
Já não me redobram o ânimo,
Já não me pertencem,
Nem é seguro pensar nelas ou suportá-las.
Esqueco todos os procedimentos da escrita a partir daqui
Ja nao ha acentos nas palavras
Nem virgulas ou pontos finais
Choro-as tantas vezes
Que me esqueco do que sao
Beijos em vao no universo
Onde nao existo mais

Boa viagem



Calmamente o abraço do vento
Atravessa a linha
Onde os meus passos têm medo da luz.
Ouço o ruído do ferro que treme,
Da madeira que range,
Da gravilha que fermenta
A absolvição dos meus olhares indiscretos.
A estação vazia adormece,
Porque o nevoeiro dos lugares nasce todo aqui.
Segredo.
Há rede e electricidade nos instantes que quero
Na curva infinita do coração.
As minhas pegadas faiscam lágrimas.
É hora de regressar ao sono para acordar,
Para abordar as pálpebras
Numa das janelas do comboio que passa,
Agitar a mão e dizer adeus ao sol que se esconde.
O teu sorriso não me pertence.
Ouço o perfume da tua pele movimentar o mar distante.
Vejo as palavras florirem da tua alma
E fazerem crescer um manto suave,
Em outro coração,
Por onde não viajo.
Linhas cruzar-se-ão no instante do abraço.
As linhas dos teus braços e dos meus,
Quando as saudades estiverem olhos nos olhos,
E se atraiam corpo com corpo
Num abraço sem sentido.
O comboio já vai longe,
Mas a linha permanece.
Assim quando tu e eu
Viajarmos em comboios diferentes
A alma será a mesma
E a linha que vai do fim da terra ao princípio do mar
Terá o mesmo elo de ligação nos sentimentos...
Dois corações num só.
Adeus...
Boa viagem...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Nome próprio


Em tudo o que fazes procura deixar um pouco de ti...
A tua assinatura é mais poderosa do que julgas...

Ramoa

Banco de jardim


Caminho por uma estrada de alcatrão escuro,
Alma rota, rasgada nos sentimentos
À espera de um remendo de estrelas que nunca chegam.
Passos descontrolados, olhos presos à humidade suja
Que invade o chão e escorre com a água para as valetas,
Para os abismos entupidos de um esgoto existencial.
Olho em frente, respiro o vento cortante das encostas,
Recordo o teu sorriso que tanto me ajuda a suportar a solidão
Que aperta até ao interior, onde a noite é mais longa.
Sento-me num banco de jardim apodrecido pelo tempo incerto,
Desloco as pedras arrancadas para um canto sem relva,
Mas não amachuco as flores por serem preciosas demais.
Fico ali, sem saber onde, na solidão que me invade.
Nada sou, nada tenho,
Mas mesmo assim vivo...
Sinto...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Coração na areia


Talvez um dia desenhes o meu coração na areia, onde o mar não chega.
Um coração que a pouco e pouco se forma, de repente se torna invisível e quando chego para ver o que me abriu o peito com lâminas, me deixou a esvair-me em sangue e fugiu para a fina e escura areia...
Sei que não estou lá, nunca estive e a minha pele ficou pálida demais para suportar o sal sem rasgar, sem marulhar cá dentro e fundir palavras com ataques de espuma aos meus pulmões que já não enchem de ar.
A saudade bateu de novo, foi como maré que sobe e desce.
Imagino um teu primeiro beijo, os teus lábios colados nos meus, os teus braços envolvendo a minha tristeza dizendo-lhe baixinho sem que eu me apercebesse:
"-Vai embora tristeza, eu agora estou aqui e ele não ficará mais triste".
O por-do-sol a imagem de fundo e fechei os olhos, respirei fundo e vi a praia, tu desenhando um coração e sorri...
Já não estava triste...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Quando eu era pequenino...


Sentimentos nostálgicos
Em que um menino sonhava
Com um mundo de cores...
Saudades das manhãs de Natal
E do dia de aniversário.
Saudades do primeiro dia de escola
E do primeiro de férias.
Saudades do avô Cantigas
E do cheiro a bolo de chocolate...
Saudades dos desenhos animados
E de abrir a caixa de um brinquedo novo...
Saudades de ler as primeiras palavras
E escrever a carta do dia dos namorados...
Saudades do primeiro beijo
Da primeira namorada...
Saudades de levar a bola debaixo do braço
E jogar o dia inteiro...
Saudades de ir para a cama exausto e pensar:
"Amanhã tenho que acordar para ir brincar..."

terça-feira, 24 de julho de 2007

Mais um dia...



Ser, sem ser...


É esta a solidão que acompanha os meus passos nos dias sem fim...
É este o grito de ninguém que me beija as lágrimas quentes acabadas de escorrer...
Afago ausente neste corredor longo de cor negra tal como loucura no final da tarde...
Sorriso lascivo...
Saciado pela minha dor gélida...
Escrevo estas folhas eternas,
Estas folhas sem cor nem dor
Que de ti falam e de ti bebem...
Que sentimento é este?
Porque me dás os gritos se os não posso gritar?
Porque esbracejas dentro de mim?
Porque procuras o meu corpo ardente durante a noite se o deixas antes de o sentires?
Pisas essa rua sem calçada,
Essa rua de uma noite sem lua.
És filha da madrugada insensata,
Essa que de manhã se levanta e deixa frios os lençóis da noite passada...
Tens sabor de mel...
Sabor de um tudo que existe sem nunca ter existido...
És e serás minha alma gémea sem nunca o teres sido...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O que faço?


Que mais posso eu escrever para que percebas o que digo?
O que faço para te fazer sentir o calor que minha alma emana?
Que posso fazer para que olhes para mim como olho para ti?
Que músicas devo eu cantar para que ouças o bater do meu coração?
Que cores devo usar para pintar o quadro do que sinto?
Quantas mais estrelas tenho que roubar ao céu para te iluminar?
Quantos mais minutos, horas, dias ou anos tenho eu de esperar?
Quando será o tempo de desistir?
Quando será a altura de partir?
E será que devo voltar atrás?
Confuso...
Sim, ando confuso...
Não sei qual o próximo passo a tomar...
Nem sei se o devo fazer...
O coração diz-me para fazer o meu próprio caminho, mas a razão faz-me recuar...
Porque é que eu não consigo?
Já não tenho mais palavras para te dar, apenas tenho gestos singelos que aos poucos vais recebendo.
Não sei se meros gestos ou olhares terão algum impacto, mas é tudo o que me resta...
Confuso...
Sim, cada vez mais confuso...
O que faço?

Tela de cores verdadeiras


Nesse teu deserto de reacções sei que não passo de miragem de um oásis que não procuras, arquivo de paletas apenas, sem guache para sonhar...
Lá irrigo pensamentos de magia por um caule de flor que chora de tristeza, abraço a luz na vertical lutando com as sombras à revelia das palavras que tendem a se misturar no silêncio.
Percorro o bloco de notas da maciez púrpura a que me entrego noite e dia.
Chovem divinos luares no prédio da esquina, porque treme a luz quando o sol se empina, se do mar as gaivotas trazem as estrelas, como se com safadeza me quisessem provocar...
Sinalizo os poemas favoritos que na escarpas crescem e me inundam.
Cresço da terra de onde brotas, minha alma impossível de conter, tonalidades dispersas, invertebradas, sonhadoras, destemidas, improvisadas...
Alegres?
Serenas?
Monótonas?
Cruéis?
Tristes?
Complicadas?
Hiper-activas?
Desenhadas, imaginadas pelos pincéis?
Sinto o bater do coração.
Redes cruzadas...
Eles chamam-me e interpretam a minha fala oculta, eles reagem segundo métodos que desconheço, são seres do espaço, são avançados, são ultra-secretos, juras de quem diz tê-los visto pousar nas searas em dias quentes de Verão.
Eles são tanto e muito mais...
São da minha família, dão-me boa noite quando adormeço...
São os alienígenas dos sonhos...
Tão diferentes e tão iguais porque tal como eu choram na infinidade do vácuo espacial.
Anjos e demónios correm sem multa, neles o meu sangue é avioneta que faz piruetas e é tudo um completo e misto revolver de emoção em emoção.
Há trigo na pequena casa que ainda hiberna, há o sol que se apresta para regressar, a cerca que segue junto à casa, o caminho pálido e rodado pelas carroças...
Tenho saudades da menina misteriosa e eterna de cor-de-rosa sobre o corpo, apoiada no chão e entre os fenos que se agitam com o vento que me acorda junto ao mar.
Para lá das colinas pastam as ovelhas, cercadas pela liberdade do rio sem estacas, os cavalos selvagens procuram-me com o olhar.
Passos negros, passos claros, madeira que aquece a alma dentro da casa, vidros que brilham, vidros que cortam minha nostalgia em dois pedaços...
São dois mundos paralelos, são dois traços com vestígios de amarelos.
O azul do céu esperneia, faz birra com os meus olhos que se confundem com ele.
Que há-de dizer o transparente tão ausente? Ou a laranja aparente que é triste por ter pouco sumo, que dizer do vermelho no peito sem rumo, do verde que arde na floresta indefesa, do lilás de uma casa na cidade poluída?
Abro as portas desta nave que é a criatividade, mergulho lá dentro como se voasse tal borboleta e há peixes que fazem surf sobre as ondas de lambreta.
A gaivota e o milhafre partilham a mesma vela de barco, a rã dá as boas vindas a quem visita o seu pântano ou outro ser quem tem o próprio charco.
Sem sair daqui, inebriado pela solidão, escrevo.
Os espantalhos comem as sementes que os pássaros deixaram porque temem.
Há ciclones e tempestades que por mais que remem se confundem com o motor que bate sem parar.
O coração não se entrega, não se desiste dele, não se dá, mas sim alimenta-se.
Eu sou fantasma e sou poeta, prosa e texto escrito com a minha letra esquisita, sou tinta e sou lacre, pena flutuante e caneta fervente...
Ser maldito, bendito, santo e pecador.
Atravesso os campos com os pés descalços de outro mundo qualquer...
Não magoo as searas, procuro a areia fina para a dor, morfina própria para deixar as pegadas e escrever na espuma uma nova página do livro que as ondas apaguem, porque entre as lágrimas e os sorrisos, entre mistérios e crepúsculos, auroras e gente sem escrúpulos
Ou quem me sorri e me faz sorrir nunca o consegui escrever.
Sou do mundo onde as cores que não se escrevem...
Que as asas do sonho as levem...
Quem as pintar que as descubra dentro de si.
É já ali que outro tempo emerge, é já ali que um golfinho submerge, é já ali que o farol indica os caminhos na ondulação.
Vou partir, vou chegar...
Vou viver, vou morrer...
Quando for anjo voltarei para então escrever esse extraordinário segredo, em páginas de ar...
Pelo céu, mais acima, onde apenas quem amar uma tela de cores verdadeiras conseguirá decifrar....
E sentir...

STOP

Se Tens Olhos Pára...

domingo, 22 de julho de 2007

Sinto-te...


Sinto que me estás a ver...
Sinto os teus olhos castanhos percorrer as marcas
Que deixo neste chão
Cada vez mais gasto,
Cada vez mais calcado pela saudade
Que me ataca cada vez que penso em ti.
Sinto que estás desse lado
Longe de tudo,
Longe dos meus beijos
Mas perto das minhas palavras
Do meu coração.
O que fazes desse lado?
O que pensas?
O que sentes?
Porque é que ainda estás aí?
Sinto a tua presença...
Sinto...
Sinto-te...

Mais que um olhar...


Muitos são os que me conseguem olhar nos olhos, mas poucos são os que são capazes de ver a minha alma.
Recebo de bom grado os elogios, mas espero que percebam que sou muito mais que um olhar...

Ficas comigo?


Deito as palavras ao vento,
Esqueço o luar.
Fui entregue à solidão.
Não tenho mãos para entrelaçar nas minhas,
Dedos para sentir,
Viagens para fazer
Sem o sentido solitário de cada passo a ser percorrido.
Não ouço o anjo que dizem proteger-nos,
Que adormece connosco nas noites frias e geladas
E nos conforta e limpa as lágrimas.
Haverá teoremas para as palavras que escrevemos,
Outros sentido para afastar
A mágoa e a tristeza do que sentimos?
Olho o mar,
Ele não me responde,
Mas a cada onda que se levanta enraivecida,
Eu sei...
Eu sinto...
Que tudo está longe de chegar ao fim...
Se eu ficar aqui,
Se eu apenas ficar aqui,
Será que ficas comigo
E esquecemos o mundo?


Dá que pensar...

sábado, 21 de julho de 2007

Bola de sabão


Bola de sabão de um coração profanado
Veio devagarinho assaltar-me a timidez,
Assolar-me a tranquilidade,
Cravejar-me de saudades
A maresia circundante da minha pele.
Ouço vozes de escárnio aguçado,
Permito-me ouvir sem saber
Aquilo que me dizem os monstros
Que habitam as casas
Construídas pelas minhas mãos feridas.
Escrevo no bloco de notas
As palavras em mim para o momento
E nada cresce mais devagar
Que a felicidade efémera.
De repente a fina bola de sabão
A quebrar-se em mil partículas...
Bola de um coração profanado
Pelos demónios sem perdão,
Levando do meu ser a última esperança...
O último raio de sol do teu sorriso...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Dia da Amizade


Porque um amigo está sempre lá quando precisamos, quer seja para pedir conselhos, uma pequena conversa ou até de um ombro onde libertar as mágoas...
Porque um amigo escuta-nos com o coração e é sempre honesto connosco, quer gostemos ou não do que ele tem para nos dizer...
Porque um amigo conhece os nossos medos, partilha os nossos sonhos e sabe todos os nossos segredos...
Porque um amigo não deixa de acreditar no nosso valor, mesmo quando nós próprios não o fazemos...
Por tudo isso um amigo é alguém que devemos estimar com todo o carinho e hoje é dia internacional da amizade, o dia ideal para dizer aos nossos amigos aquilo que não precisamos dizer durante o resto do ano, que são muito especiais para nós.
Para todos os meus amigos quero aqui dizer que tudo o que vivo e sinto, a eles se deve...
Obrigado a todos...

Desporto rei

Lobo solitário


O desassossego de certas alturas,a vida de cada lugar e cada vez que respiramos...
Tudo é uma ilusão, tudo é realidade...
Tudo é marcado por um limite, um desejo, uma saudade, uma dor, uma vontade, uma tristeza, uma mentira, uma verdade...
Os pesadelos negros são uma verdade, a vida uma tristeza, uma mentira?
Cada lugar uma dor, uma vontade oprimida?
Tudo é um desejo, uma saudade...
Tudo é ilusão marcada por um limite que nunca termina.
A solidão de certos momentos, fustiga-nos o aroma das marés perdidas, das vozes que se apagam no desespero das mensagens que não recebemos.
A cor das nuvens limita-se à ausência proporcional à estranha viagem que fazemos à noite sem crepúsculo.
Os pesadelos feitos de aromas, instantes de marés perdidas, das vozes vivas de cada lugar das mensagens que respiramos como ilusões ao nível das nuvens.
A ausência da mentira, a ausência da verdade crepuscular na noite oprimida.
Sonhar?
Fustigado pelo desespero, pelos néons da cidade que se apagam, pelos pirilampos que morrem electrificados nas paisagens desérticas que atravesso no limite sôfrego do meu coração.
Olhares cruzam-se com os meus.
Ausentes, vazios, cheios de luar que me inunda quando cresço nas raízes das árvores que choram na água salgada das praias desfeitas na aguarela dizimada pela chuva.
Toda a noite pensando em ti, todo o dia sonhando contigo.
Deitado nos lençóis vãos da terapia, dos beijos que procuro no espelho mas desconheço no perfume que o vento leva para longe de mim.
Ainda assim me detenho na tua língua, falo contigo sobre o mesmo abraço, e quando tudo parece imprevisível nasce de mim o segredo invisível.
Toda a noite a sonhar?
Todo o dia contigo acendendo os néons para a noite em que os pirilampos renascerão dos lençóis da terapia?
Os beijos na paisagem desértica que se orientam pelo perfume que o vento leva, sôfrego ao coração invisível.
Falo contigo ao mesmo luar, no mesmo abraço, as raízes prendem a língua e não sabemos que dizer...
E quando o imprevisível aparece pintamos sobre o rosto a aguarela das lágrimas...
Para suportar a dor e calar o uivo de um lobo solitário...

As minhas sete maravilhas...


Respondendo ao desafio da Tita passo a nomear aquilo que considero ser as sete maravilhas da minha vida:
  • Família.
  • Amigos.
  • Uma pessoa especial.
  • Bom Humor.
  • Música.
  • Desporto.
  • Folhas em branco.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Teste de QI


Resultado: 31 pontos

Considere-se um ser excepcional, pois, de fato, sua inteligência é rara neste planeta. Poucos seres humanos conseguiram um desenvolvimento intelectual tão excepcional. Parabéns. Provavelmente você achou este teste facílimo, não foi mesmo?.

Teste a Sua Inteligência

Oferecimento: InterNey.Net

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Derrubar barreiras


Aproximo-me devagar
Das pedras de amargura
Sobre esta parede triste
Sem ternura.
Suas formas irregulares,
Minhas mãos delicadas
E confusas
Que procuram teu abraço
Sublime e eterno.
Estes tons de vermelho que visto
Servem para guardar a cor
Do teu coração no pôr-do-sol.
Meu rosto sem expressão
Tem as rugas invisíveis da saudade.
Trago no peito a loucura,
Nos olhos escondidos na parede
A tua imagem,
Nos lábios teu doce perfume,
Mel que vem só, na brisa.
Não escondo a minha dor,
Escondo apenas a certeza
Do mar que me enganou.
Levou-te na ondas,
Bebeu-te na espuma,
Roubou-me da tua presença,
Mas de mim não levou o amor.
Neste muro me detenho,
Me entrego à espera.
Não sonho para que voltes,
Porque sempre estiveste aqui.
Falta-me apenas
Que derrubes esta parede
Magicamente
E me abraces
Com a mesma segurança
De sempre...

Por amor

Por amor somos capazes de fazer tudo, até mesmo o impossível.
Os que amam de verdade são capazes de ir ao inferno e voltar, apenas e só por amor...
Certos dias não é fácil, noutros custa bastante, noutros ainda, de tão difíceis, o tempo parece não passar.
Certas noites cuspimos fogo, noutras parecemos esculpidos em gelo, noutras ainda, surpreendemos como nunca o fomos ou seremos...
Enquanto os planetas girarem e as estrelas brilharem e os nossos sonhos se tornarem realidade, podem acreditar que tudo faremos por amor, sempre presente até à vénia do último acto, mas não seremos capazes de nos perdoar se não formos até ao fim da noite.
Certos dias oramos em recolhimento, noutros rezamos pela alma, noutros ainda invocamos o Deus do amor, o Cúpido com arco e flecha em punho...
Certas noites perdemos a consciência, noutras perdemos a serenidade, noutras ainda, quando dançamos sob a trovoada, perdemos a realidade de vez.
Talvez alguns de nós estejam condenados a ser uns solitários, apesar da única promessa que conseguimos manter:
Faremos tudo por amor...
Só por uma pessoa especial...
Nunca deixaremos de sonhar com ela uma única noite da nossa vida...
Apenas e só por amor...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Por aí...


Olhaste-me
Mas nem o meu sentimento infinito
Bastou para te fazer sentir
O calor que emana do meu peito.
Perdi-me nos espaços
Recônditos do teu ser
Envolto nos lençóis de luz,
Brilhante como estrelas.
Amanheci hoje no silêncio
Com o coração a palpitar demasiado.
Oceanos enraivecidos
Atraem-me com cânticos de sereia.
Mas perdi o medo de mergulhar
No abismo da escuridão.
Tornar-me-ei anjo do céu.
Dar-te-ei a mão
E percorrerei sempre
Os mesmo caminhos que a tua alma.
Farei falta aqui na terra
Mas o meu pobre coração
Terá a frescura celeste
Para amenizar o ardor
Dentro do peito.
Faço-me à estrada
E parto rumo à felicidade.
Quiçá te vejo por aí...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

A opinião...

... Realmente estúpida...

Perdido


A vida está repleta de cruzamentos, nos quais quando não sabemos que direcção tomar, se a incerteza da direita ou a dúvida da esquerda, o melhor será mesmo seguir em frente.
Algures ao longo do caminho algo ou alguém nos irá indicar o rumo certo.
Hoje parto em direcção ao nada, não sei para onde vou, mas no final de contas também não sei de onde venho...
A vida nos últimos tempos tem dado voltas e mais voltas, conquistas e derrotas, cair e levantar...
São assim as conjunturas da vida que todos sabemos não ser fácil.
Mas hoje parto rumo ao infinito, preciso de o fazer por mim e para mim.
É chegada a minha vez...
Tomo as rédeas de um cavalo outrora selvagem, que muito labor me deu a domar, mas que ao longo desse processo nasceu uma enorme empatia.
Partimos os dois, galopando sobre os desconhecidos trilhos rasgados nas encostas íngremes das montanhas de um mundo cada vez mais complicado de entender...
Sim, andei perdido na imensidão do teu ser...
Perdido, mas jamais vencido...

domingo, 15 de julho de 2007

Dia internacional do homem


Ah, pois é, aposto que também não sabiam, mas hoje é dia internacional do homem.
Por isso, para mim e para todos os homens, um muito bom dia, apesar de já estar a chegar ao fim, mas mesmo assim aproveitem, isto não acontece todos os dias...

Óculos de sol


Há dias em que uma música parece que nos persegue, pois bem, hoje não foi uma só música, mas sim quem lhe empresta a voz e dá corpo ao sentimento.
Hoje, Pedro Abrunhosa foi melodia dos meus minutos, companheiro de muitas horas.
Ligava o rádio e de lá vinha a sua voz com sotaque do norte, ligava a televisão e mais uma vez lá estava ele, com mais um vídeo repleto de sensações, sempre aliadas às palavras mais simples.
São músicas como as que fazem parte do seu reportório que eu gostava de cantar-te baixinho ao ouvido e mostrar-te o que significas para mim...
Para todos os que me visitam e em especial para ti, o meu convidado musical, o poeta dos óculos de sol, Pedro Abrunhosa...

Gotas de cor


A serenidade revela-se
Perante a infinita beleza de um arco-íris
Que me entra pelos olhos,
Acondiciona-se na alma
E reveste-se de luz para o coração.
Os teus sorrisos são lembranças,
Gotas de cor para pintar na tua ausência
Aquilo que sinto por ti.
Nada é mais sublime e mais puro
Do que este ar que respiro
Na natureza maravilhosa das árvores...
O sol, nas nuvens,
O espelho de um rio que calmamente corre,
Como se dentro de mim tivesse nascido.
Afinal a perfeição existe...

sábado, 14 de julho de 2007

O melhor amigo do Homem

E para alegrar o dia aqui ficam alguns momentos na companhia do melhor amigo do Homem, o cão.

Mulher arte



Se a mulher não fosse o mais belo dos seres,
O homem não passaria séculos
Pintando a beleza das cores do seu rosto,
Não escreveria odes à doçura da sua pele,
Nem cantaria o brilho do seu sorriso...

Portal de luz


O meu coração é um portal para um novo mundo
Onde podes entrar sempre que desejes.
Viajar de lugar em lugar dentro do meu peito,
Mas o coração estará sempre no centro da luz.
Hoje ando infinitamente desligado das coisas,
Porque o mundo se transforma em deserto.
As rosas do jardim secam aos poucos com o sal
Que as minhas lágrimas deixam cair,
À noite amarro-me ao teu sorriso
Para não sufocar com a bruma que me envolve.
O portal é a única entrada
Para o meu mundo mais secreto.
E só tu tens a chave que o pode fazer sempre.
Serei eu um portal com cor
Que os teus olhos faça brilhar?
Ou cairá para sempre uma pedra
Sobre o túmulo do meu desejo?
Fecho os olhos e tento esquecer que não estás aqui
E que no teu mundo não giro como giras no meu.
Dói.
Dói ainda mais.
Dói em demasia...
O portal arde e não há água que o apague...
Apenas a sedução da tua insolúvel e verdadeira alma,
Somente ela me faz limpar o rosto molhado
E acreditar que tudo é possível,
Que até o deserto mais árido tem um oásis,
Que as rosas apesar de fracas
Ainda vivem, pois a raiz é forte...
Sim, ainda vale a pena sorrir...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Hoje estou...


Porque és especial...


Por vezes tenho a certeza
Que visitas o meu bater de coração
Só porque ele te faz bem à mente
E deposita no teu sangue
A tranquilidade que desconheces
Fora do mundo do meu peito aberto para ti.
Há um reflexo verde que se vislumbra
Pelo meio da densidade de filamentos,
Finos chicotes que se tocam no sono
Que surge muito tempo depois da insónia.
Sabes, a minha alma também necessita da tua
E se desfaz em silêncio quando
Passas a mão pelo rosto
E não sentes o que existe.
Mesmo assim continuo a escrever-te,
Sigo esta cruzada em que sou D. Quixote
E luto contra ferozes dragões...
Porque te quero bem...
Porque és especial...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

10.000


Não fosse a atenção de um anónimo e nem me teria apercebido, mas é com orgulho que anuncio que o blogue "As palavras em mim" atingiu a barreira dos 5 dígitos, contando agora com mais de 10.000 visitas.
10.000 era um número que eu tinha pedido na altura em que o blogue atingiu as 1.000 visitas, era um objectivo ambicioso, o qual não pensaria atingir em tão curto espaço de tempo.
A todos os que por cá passam o meu muito obrigado.
Agora que venham mais 100.000, 1.000.000...

Metallica S&M

Não sei se é ideia original num blog, mas hoje decidi trazer aos meus caros leitores um concerto na integra e nada melhor do que o melhor concerto de todos os tempos da melhor banda de todos os tempos.
Deliciem-se...

Corpo de palavras


Não tenho mais palavras,
Senão as que me saem do peito...
A loucura da mágoa na tua ausência!
A saudade devastadora,
O ritmo feroz do predador,
Devorando o bater
Do meu coração.
Questiono-me acerca da plenitude dos gestos,
Das vezes que desejei já abraçar-te
Envolver-te na chama da minha pele
E mergulhar no teu corpo.
Um anjo bate suas asas na minha janela,
Provoca-me a insónia desgastante,
Provoca-me a respiração que falha,
Porque te quero e a solidão da alma
Deu à costa dos meus olhos
Onde a espuma do mar está ferida.
Dói o sabor dos lábios quietos,
Sem o teu beijo.
Dói tudo...
Desde a célula mais pequena
À maior das palavras.
Sinto...
Sim, sinto a tua falta
Como de palavras que já não tenho,
Não me pertencem,
A ti entrego,
O meu corpo de palavras...

Conversa da treta


Hoje proponho-me divulgar o local onde é mais fácil desenvolver a actividade conhecida por "meter conversa".
Estas linhas que se seguem, servem única e exclusivamente para fazer aquilo que se chama na gíria "encher chouriços", com o objectivo de prolongar o tempo de espera até divulgar o dito local, criando assim mais suspense.
Bem, chega de conversa fiada e vamos ao que realmente interessa. O local onde é mais fácil meter conversa não é mais do que uma sala de espera seja de que serviço for. Pode ser de um dentista, de um hospital ou até mesmo de uma repartição das finanças.
É incrível a forma com que as pessoas se abrem a um total estranho.
Por norma a conversa começa sempre por um:
"- Tá fresquinho!"
"- É, dizem que amanhã vai estar melhor."
"- Mas no fim de semana já vai estar mau para ir para a praia..."
Quebrado o gelo inicial, dá-se então o começo de um relato auto-biográfico, recheado de pormenores deveras interessantes:
"- Você é de onde?"
"- Sou do Porto, moro perto da casa da música..."
"- Também tenho um primo que agora tá imigrado na França, mais a mulher que por sinal é professora numa escola para crianças especiais, coitadinhas, mas que agora tá de baixa por causa de um cancro e que ficou internada no mesmo quarto de uma senhora que tem um filho que está agora a estudar para ser advogado e que namora para uma rapariga filha de um senhor que tem um talho em Braga, mas que dizem que vai buscar a carne ao Porto, como a senhora é de lá pode ser que conheça..."
Depois de todo este encadeamento de pormenores de extrema relevância vem aquela frase que é a cereja no topo do bolo, o orgasmo da conversa, senão reparem:
"- Então não conheço!? É o senhor Augusto Miranda, casado com uma brasileira que já está em Portugal há 40 anos..."
"Sim, é esse mesmo."

Pequena curiosidade


Sabiam que o Pluto é filho da Pluta?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Para além do tempo


Nas ondas te procuro, a ti, única maravilha do mundo, para normalizar a sede do meu corpo que se embriaga no sal dos teus lábios sedentos de amor.
Feroz o mar ensina-me a respeitar os sons e os ecos que vêm de longe.
Há um céu coberto de nuvens de cores diversas, com perfume de rosas e sol que se afaga na linha do horizonte.
Nas ondas te procuro. Quero fermentar essas vestes de seda, teu corpo que se abriga da liquidez da paisagem com fumo que se ergue para lá das colinas transparentes.
Olhas-me entre as gotas de água, esverdeadas na purpurina dos meus actos.
Esses cabelos soltos ao vento atraem-me.
Esvoaço como um abelha até ao espelho de entrada do teu ouvido.
Sopro suavemente minha existência à tua inalterada beleza.
Digo-te palavras que não se revelam aqui neste poema por serem demasiado íntimas. Por serem demasiado nossas.
Hoje o mar escreve na espuma o limite dos meus desejos, hoje o mar absorve a luz dos meus olhos que se reflecte no teu coração.
A noite aproxima-se, tu és a deusa que caminha tranquila na areia.
Não tens medo da companhia das gaivotas. Não tens medo que elas te observem, que elas mergulhem na seda e te descubram o interior com as asas.
Estou perto.
As minhas mãos agarram o papagaio que o vento teima em não deixar cair.
Agora posso voar.
Amanhã quem sabe poderei correr de mão dada contigo antes que o tempo se gaste e a vitória das anémonas se torne realidade.
Amanhã, como hoje, seremos nós.
Seremos ondas.
Seremos mar.
Seremos serenidade de algas.
Teremos a luz das estrelas.
Nasço de novo.
Morro nos teus braços com a imensidade da vida.
Visualizo janelas.
Abro-as.
Atravesso-as.
Busco por ti.
Corremos pela praia sem parar.
Sentimos sem parar.
Sem pensar no passar dos ponteiros do relógio, vivendo para além do tempo...
Sonhar...
Tão bom sonhar...

No princípio era o verbo...


Nestas páginas da vida que aos poucos vou escrevendo acabo sempre por falar de ti...
Acabaste por ser tema central deste livro, preservada dos desgastes da memória..
Não é um livro em que tenha uma parte favorita, todas as linhas merecem ser sublinhadas...
Dos sítios ás palavras, das palavras ás palavras, das palavras aos sentimentos é uma história de sedução contínua, cheia de diálogos suspensos...
Agora reparo, foi um acto imprudente, irreflectido, se calhar nunca o deveria ter feito, mas pergunto:
Será que me iria encontrar no estado de graça em que me encontro agora se estas palavras tivessem ficado em silêncio?
Será que conseguiria afastar alguns fantasmas do passado que recorrentemente me assombravam nos momentos de melancolia?
Teria eu recebido esta nova oportunidade de viver livremente o hoje, o momento?
A resposta a todas estas questões encontrei no abraço caloroso dos verdadeiros amigos e sobretudo fui capaz de as encontrar em ti e no teu sorriso.
Não, não me arrependo de ter iniciado esta aventura, estou feliz por ter soltado as palavras em mim...
Sinto-me bem por poder aproveitar o que de bom a vida tem para oferecer e não tenho complexos em saltar de alegria demonstrando a todos o que sinto.
Tenho amigos que estimo, uma família que adoro, uma pessoa especial a quem agradeço todo o carinho, mas sobretudo tenho um monte de folhas em branco e toda uma história pela frente ainda por escrever...

Publicidade

Ele há bons e maus anúncios, mas estes estão simplesmente geniais :)

terça-feira, 10 de julho de 2007

Na volta do correio...


Escrevo-te cartas abertas,
Palavras em perspectiva
Para te atingirem o espírito
Com uma muralha de sedução
Com reflexos, irresistível.
Escolho envelopes reciclados
Que se desfazem na tempestade
Antes de tocarem
O fascínio dos teus lábios.
O teu rosto permanece belo
Mesmo na quietude dos músculos
Que guardam o tesouro
Mais puro,
O teu sorriso...
Quase toco o cais da tua face,
Remando contra o vento
Que mantém a dimensão
Da saudade.
Guardo tudo e volto a escrever.
Impiedosa a solidão
Relembra-me a neblina.
Não desisto.
Peço aos anjos do céu
Que te levem directamente
Ao coração
As palavras que escrevo no ar
Sem precisar de papel.
Espero tua resposta
Na volta do correio...

Momento pedagógico


Declaro oficialmente aberta a época da apanha da lagosta e do camarão.
Ele é ver as pessoas a passar na rua com a pele vermelhinha, em alguns casos quase em ponto de ebulição.
As mulheres parece que querem obter um tom bronzeado o mais rápido possível, ficando horas seguidas expondo o corpinho ao sol, minhas amigas, o protector não basta, é preciso ter cuidado com algumas horas do dia.
Os homens, aqueles ditos "inteligentes" untam-se com óleo Johnson tentando ficar com um ar mais apelativo com o intuito de agradar as meninas, no entanto mais parecem bifes prontos a entrar na frigideira.
Meus caros amigos cuidado com o sol, para além de não ser nada saudável a exposição em demasia, por vezes o resultado pretendido não é conseguido e fica mal...
Fica tão mal ao ponto de eu resolver escrever um texto extremamente pedagógico nesta minha humilde página, com o objectivo de sensibilizar a população mundial...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Mensagem numa garrafa


Não sei dizer que lugar procuro na imensidão do ser que descobri no calor do meu peito, ou que palavras cantar ao ritmo de uma guitarra que chora.
Mostrei-te o relógio de cuco que marca as horas do meu coração e, quem sabe, o percorrer dos gestos à tua volta num murmúrio de carinho.
Lancei-me à terra molhada para receber o orvalho da tua pele.
Nunca quis que fosses embora, que esse sentimento se furtasse do meu silêncio, do meu respirar quando te abraço e te peço com lentidão melancólica, sem que oiças, para sorrires para mim.
Choveu neste último caminho da viagem que fazemos juntos, mas o universo recompensa-me com a luz dos teus olhos nos dias de maior angústia, quando mais nada parece fazer sentido e só a tua presença me faz acreditar…
Sorrio uma última vez que dura para todo o sempre…
Se partires para longe mesmo estando perto, eu lançarei ao mar uma garrafa com esta mensagem e quem sabe um dia a consigas alcançar, desejes voltar das profundezas do oceano e na areia repouses tranquila, até que eu chegue para te resgatar do frio gelado de um mar sem perdão…

Este não é um poema de amor


Sei que gostas do que escrevo e como escrevo o que sinto isso significa que gostas do que sinto, mas será que sentes o que sinto?
É muito simples olhar para um quadro e dizer se gostamos ou não, quer seja pela sua cor, pela imagem captada ou nem que seja apenas pela sua moldura em talha dourada, no entanto, ser capaz de sentir o que ia na mente do pintor no momento da criação, isso está ao alcance apenas de alguns privilegiados.
Claro que quando o pintor emprega total empenho e honestidade na sua obra se torna mais fácil captar o que o moveu, mas para isso é necessário estar predisposto a que isso aconteça.
Em tudo o que escrevo vou buscar inspiração ao meu íntimo, à minha essência, aos meus sentimentos mais puros, mas é óbvio que quando chega a hora de transportar tudo para o papel procuro dar-lhe um toque mais requintado, explorando ao máximo o dicionário das palavras em mim.
A criação poética, se isso se pode chamar ao que escrevo, consiste em tornar os mais simples e honestos sentimentos em palavras que transportem até quem as recebe todo o calor e carinho de quem as escreve.
Por exemplo quando me refiro a um anjo divinal isso não significa que adore uma qualquer figura de mármore frio que me olha do alto de um pedestal, adoro sim uma mulher de carne e osso, cujos sentimentos e emoções despertam em mim reacções que mais nenhum ser é capaz de o fazer.
Não procuro um jardim de flores apenas pela sua cor, para isso bastava-me um ramo de flores artificiais, ao invés procuro o jardim como um todo, a sua cor, os seus aromas, a sua textura, o pólen que dá às abelhas a matéria-prima para fazer o mais doce mel, procuro até as lágrimas de orvalho das manhãs...
Escrevo porque sinto, mas não quero que sintas porque escrevo.
Como diria Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver..."
E eu...
Eu não tenho receio de me queimar...
E tu?
Mas este não é um poema de amor, são apenas "As palavras em mim"

domingo, 8 de julho de 2007

Anjo de asas caídas


És imagem de anjo nesse pedestal divino,
O corpo desenhado a branco e rosa sobre a pele
Olhando o horizonte do meu sofrimento.
Teus cabelos de fogo escondem
A tua verdadeira identidade aos predadores.
Esses lábios aflitos de amor choram-me.
Pousados os calcanhares na beira do precipício
Que lá em baixo se movimenta e te chama
Delicadamente tentando enganar-te...
Nem o olhas.
Tuas mãos tremem de ansiedade.
Nos teus olhos brilhantes
A lágrima de asas caídas desce sobre o rosto.
Os anjos também choram.
Tuas asas caem do céu em tons distintos,
Tuas costas sentem a brisa
Do meu desespero roçar a tua pele.
A noite cai de mansinho,
Sem saber onde me encontro,
Sem se preocupar com a violência das marés que me atingem.
Ao longe aconchegas-me.
Tuas mãos tocam-me.
Teu corpo aquece-me.
No silêncio da madrugada
Na dolorosa transformação da alma
É lá que estás,
É lá que preciso de ti...
Acariciam-me a face as tuas asas suaves,
Tuas pestanas molhadas
Abraçam-me para me devorarem o medo.
Adormeço.
O mar agita-se.
O céu recebe-nos.
Flutuamos no algodão de uma nuvem secreta.
Estamos sós no interior do meu coração.
És a minha convidada de honra
Para uma estadia eterna.

Porque és forte...

... e me fazes querer ser forte...

sábado, 7 de julho de 2007

Flores para ti


Planto com carinho flores
Neste jardim de palavras...
Flores...
Palavras...
Palavras...
Flores...
Juntas...
A beleza perfeita das camélias,
Com um apaixonado crisântemo
Colhido para colorir
O cravo do meu pobre coração.
Um ramo de inocentes margaridas
Ao lado de sensíveis centáureas.
Escrevo-te com a meiguice da madressilva
A mensagem da íris.
És bela mulher,
Orquídea dos meus olhos,
Com tua graça e elegância de jasmim,
Pureza do aroma do lírio.
Recebe esta tulipa,
Declaração do que sinto por ti.
Sentimento verdadeiro como miosótis.
Eterno amor de rosas...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Ave de todos os dias


Quem me conhece já sabe que por vezes me prendo em pequenos pormenores que me suscitam grande fascínio.
A pergunta que coloco hoje e que agradecia a amabilidade da resposta dos meus caros leitores é a seguinte:
Quando uma ave nos visita dia após dia, por vezes mais do que uma vez dentro dessas 24 horas, quando essa ave deixa uma sensação de quentinho bom, mesmo que não a vejamos, mas que sentimos a sua presença e quando essa ave é capaz de vos alegrar a vida, de dar um novo sentido à palavra felicidade, o que será que isso significa?

Uma linha


Haveria muitos textos engraçados para escrever, mas achei que uma linha chegava para alimentar outras mil nas vossas cabeças:

"Hoje o sol brilha"

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Eterna cumplicidade


Em teus olhos me desenho,
No imaginário da tua mente me pinto colorido
Como bolas de cristal fino e polido.
Nunca é tarde demais para dar-te
O único e verdadeiro sentimento.
Impossível é não o sentir.
Percorrer as águas do mar
Na calmaria da tempestade,
Sufocar as nostalgias sentidas
Nos dias em que me apercebo
Da negritude da paisagem que me rodeia.
Explodem mil estrelas,
Perde-se a cor,
Perde-se o brilho, a luz.
Nada vibra, nada seduz.
Arco-íris submergem,
São latitudes contrárias
À emoção que se desencadeia no meu sangue.
Atormenta-me o céu azul,
Tua voz que chega
Cada vez menos
À alma por palavras,
Que apenas ouço pelo silêncio.
Persigo o barco saído da barra esta madrugada,
Onde seguias a bordo...
Esse teu vestido de aromas,
De cores quentes.
Não sei voar,
Mas para estar contigo
Sou o rei do céu,
Sei fazer piruetas,
Mergulhar nas nuvens...
Esquecer o mundo.
Abraçar-te com a ternura
De um novo vento menos agreste.
Suave.
Pego a caneta e a folha branca de papel,
Escrevo palavras de néctar com abelhas
Que sabem letra por letra
A dimensão do pólen que tenho para ti.
Impossível é a terra nascer das estrelas
E as estrelas terem raízes nas profundezas da terra.
Querer-te, olhar-te, abraçar-te, assim é.
A felicidade é um caminho...
A tristeza a falta de esperança...
Atravesso um remoinho,
E nos versos da bonança
Crio o poema da nossa eterna cumplicidade.