quinta-feira, 12 de julho de 2007

Conversa da treta


Hoje proponho-me divulgar o local onde é mais fácil desenvolver a actividade conhecida por "meter conversa".
Estas linhas que se seguem, servem única e exclusivamente para fazer aquilo que se chama na gíria "encher chouriços", com o objectivo de prolongar o tempo de espera até divulgar o dito local, criando assim mais suspense.
Bem, chega de conversa fiada e vamos ao que realmente interessa. O local onde é mais fácil meter conversa não é mais do que uma sala de espera seja de que serviço for. Pode ser de um dentista, de um hospital ou até mesmo de uma repartição das finanças.
É incrível a forma com que as pessoas se abrem a um total estranho.
Por norma a conversa começa sempre por um:
"- Tá fresquinho!"
"- É, dizem que amanhã vai estar melhor."
"- Mas no fim de semana já vai estar mau para ir para a praia..."
Quebrado o gelo inicial, dá-se então o começo de um relato auto-biográfico, recheado de pormenores deveras interessantes:
"- Você é de onde?"
"- Sou do Porto, moro perto da casa da música..."
"- Também tenho um primo que agora tá imigrado na França, mais a mulher que por sinal é professora numa escola para crianças especiais, coitadinhas, mas que agora tá de baixa por causa de um cancro e que ficou internada no mesmo quarto de uma senhora que tem um filho que está agora a estudar para ser advogado e que namora para uma rapariga filha de um senhor que tem um talho em Braga, mas que dizem que vai buscar a carne ao Porto, como a senhora é de lá pode ser que conheça..."
Depois de todo este encadeamento de pormenores de extrema relevância vem aquela frase que é a cereja no topo do bolo, o orgasmo da conversa, senão reparem:
"- Então não conheço!? É o senhor Augusto Miranda, casado com uma brasileira que já está em Portugal há 40 anos..."
"Sim, é esse mesmo."

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