sexta-feira, 20 de julho de 2007

Lobo solitário


O desassossego de certas alturas,a vida de cada lugar e cada vez que respiramos...
Tudo é uma ilusão, tudo é realidade...
Tudo é marcado por um limite, um desejo, uma saudade, uma dor, uma vontade, uma tristeza, uma mentira, uma verdade...
Os pesadelos negros são uma verdade, a vida uma tristeza, uma mentira?
Cada lugar uma dor, uma vontade oprimida?
Tudo é um desejo, uma saudade...
Tudo é ilusão marcada por um limite que nunca termina.
A solidão de certos momentos, fustiga-nos o aroma das marés perdidas, das vozes que se apagam no desespero das mensagens que não recebemos.
A cor das nuvens limita-se à ausência proporcional à estranha viagem que fazemos à noite sem crepúsculo.
Os pesadelos feitos de aromas, instantes de marés perdidas, das vozes vivas de cada lugar das mensagens que respiramos como ilusões ao nível das nuvens.
A ausência da mentira, a ausência da verdade crepuscular na noite oprimida.
Sonhar?
Fustigado pelo desespero, pelos néons da cidade que se apagam, pelos pirilampos que morrem electrificados nas paisagens desérticas que atravesso no limite sôfrego do meu coração.
Olhares cruzam-se com os meus.
Ausentes, vazios, cheios de luar que me inunda quando cresço nas raízes das árvores que choram na água salgada das praias desfeitas na aguarela dizimada pela chuva.
Toda a noite pensando em ti, todo o dia sonhando contigo.
Deitado nos lençóis vãos da terapia, dos beijos que procuro no espelho mas desconheço no perfume que o vento leva para longe de mim.
Ainda assim me detenho na tua língua, falo contigo sobre o mesmo abraço, e quando tudo parece imprevisível nasce de mim o segredo invisível.
Toda a noite a sonhar?
Todo o dia contigo acendendo os néons para a noite em que os pirilampos renascerão dos lençóis da terapia?
Os beijos na paisagem desértica que se orientam pelo perfume que o vento leva, sôfrego ao coração invisível.
Falo contigo ao mesmo luar, no mesmo abraço, as raízes prendem a língua e não sabemos que dizer...
E quando o imprevisível aparece pintamos sobre o rosto a aguarela das lágrimas...
Para suportar a dor e calar o uivo de um lobo solitário...

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