segunda-feira, 30 de julho de 2007

A escrever como sempre...


Calço umas botas de sola gasta e prossigo subindo a encosta da vida, aprendo em cada passada, a certeza duma busca perdida.
O corpo, cansado, dos passos que deu, a alma pesada pelos séculos que perdeu.
Procuro encontrar o caminho de volta à casa das palavras, onde deixei, escritos e fórmulas, em épocas passadas.
Quero sentar, sobre a velha cadeira, pousar a minha mão sobre a pena, deixar nas páginas vazias, o cheiro da tinta, com sabor de palavras em mim.
Quero perder-me a contemplar, da janela, o luar, e a floresta que desenhei, sentindo o vento soprar.
Ao meu castelo quero voltar, por lá deixei os sentidos, que agora que ando perdido, preciso encontrar...
Nas noites etéreas, em que me sento e descanso, solto no vento o meu pranto, deixo a alma vaguear, por todo este mar de desencantos.
As telas não desenhadas, campos estéreis, esperam pela minha mão, para desenhar sobre elas os traços de ti, que encontrei espalhados por aí.
Em vidas, outrora vividas, colhi as histórias, sentimentos e palavras, que carrego comigo, sempre que regresso ao lugar onde um dia comecei a caminhar, nesta busca perdida para te encontrar.
Caminhos distantes, lugares recondidos, gravaram-me na alma o sabor dos instantes, o gosto de outros seres, e os pedaços perdidos que de ti fui encontrando ao longo desta viagem imensa que mais uma vez chega ao fim.
Não existe final, sem um novo início, e amanhã, quando o sol me despertar, recomeçarei de novo...
A escrever como sempre...

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