domingo, 23 de setembro de 2007

Ser inacabado


Um olhar de fim de tarde
Caído na minha varanda,
Nascia de um rosto rendilhado
Pelo sal das marés...
Tinha bicadas das andorinhas
Que esvoaçavam loucas,
Perante a chegada da tempestade
E do fogo dos caminhos...
Aquele olhar esguio,
Penetrante e de sufoco gelado,
Abria fendas irreparáveis à alma
Que se ia esfumando,
Olhando o espelho
Da minha amargura solitária...
Hoje a minha loucura
É consequência da memória...
De um olhar de nuvens
Carregadas de água,
De uma magia sedutora
Que me vai consumindo o coração
A todos os instantes em que olho o céu,
Em que me vejo ser inacabado
E só encontro as palavras em mim...

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