domingo, 2 de setembro de 2007

Um triste alegre


A tristeza é um convite
Ao desperdício dos dias...
Lágrima que já não cai,
Olhar dormente vazio
Nas últimas horas dos dias...
Sofrimento
Que já não tenho nem sinto...
Tu...
Feitiço quebrado,
És meu sangue parado,
Morto,
Vazio...
Tudo deixou de ser
De estar,
De existir...
Resta-me o vazio
Do meu olhar parado.
Cálido,
Num corpo sem vida...
Sentir?
Qual sentir?
Se já não sinto quem sou,
Nem sinto quem és,
O que és,
Ao que vens...
Em mim nada habita,
Nada floresce.
Geada de pedra onde cresce
Erva daninha...
São meus braços troncos,
Estéreis,
Frios,
Onde tudo finda...
Fecundo é o mar que lava a alma
Na noite negra do meu baptismo...
Rosa dos ventos,
Perdida seara...
O fogo purifica os corpos,
O mar os olhos...
Tristeza
É amar sem ser amado,
É nunca ter sabido amar,
É estar só e não saber ser gente...
Tristeza
É ser tudo e não ter nada,
É ver quem passa
Não tendo para onde ir também...
Tristeza
É ter um sentimento que já não tenho,
É saber-se nu sem ter o que vestir,
É saber-se amado e não amar...
Sábias palavras,
Só é triste quem quer ser...
Eu invento-me e renasço
Num mergulho profundo
No centro da terra.
Pelo mar subo
Ao fim de mim...
E quando julgarem que é esse o meu fim
Estarei olhando quem passa,
Rindo de alegria
Mesmo que irónica,
Pois eu serei sempre assim...
Um triste alegre,
Nunca um alegre triste...

2 comentários:

Maria P. disse...

Saber viver...

Beijinho*

Kat disse...

Existem sentimentos que transpassam a alma e que só se sentem e vivem uma vez. Nunca morrem,porque fazem parte e nós e é inutil lutarmos contra...
E quando não os podemos viver... dar e receber... nada fica igual e tudo muda... em nós e no mundo...
Não te percas... Aprende a guardar sem dor... e jamais deixes de acreditar que podes voltar a amar...
Um beijinho e força...