terça-feira, 12 de junho de 2007

História sem fim


Tudo começou há quase 10 anos, um modesto rapaz da aldeia enfrenta um novo desafio, a vida na urbe. Não sabia palavras floreadas, nem sequer proferir vocabulário mais enriquecido.
Era uma rapaz tímido que preferia ficar horas a ouvir as histórias dos outros do que contar as suas próprias aventuras, porque pensava não possuir arte nem engenho para tal. Esta timidez impedia-o de mostrar o que realmente valia, criando algumas barreiras.
A custo lá conseguiu entregar-se às feras e fez algumas amizades.
Um desses novos amigos era uma personagem muito extrovertida, mas com muitas incertezas na vida. Sabia como fazer as coisas, mas não sabia o que queria na verdade e era ao rapaz que ele recorria sempre que precisava de tomar uma atitude e ele como sempre ajudava no que podia.
Uma certa altura pede-lhe a sua opinião sobre uma rapariga, o que ele achava dela e se valia a pena ter algo mais forte com ela. Para dizer a verdade o rapaz não a conhecia muito bem e começou a estar mais atento para poder dar uma opinião mais fundamentada.
Aos poucos foi se apercebendo que ela era uma pessoa espectacular, dotada de uma humildade sem comparação, uma verdadeira pessoa 5 milhões de estrelas.
Foi então que ele diz ao amigo: " Força, avança, não percas mais tempo, não deixes esta andorinha fugir e levar consigo a primavera..."
Como era hábito o amigo fez o que o rapaz sugeriu, foi em frente e avançou, quando ele soube da notícia ficou contente pelos dois, mas como tudo o que é bom sempre acaba depressa, qual não foi o seu espanto quando o amigo se vira para ele e disse que ia desistir e que não a queria mais...
Perguntou-lhe porque desistia, porque deixava a areia fugir-lhe por entre as mãos, a resposta foi: "Não sei, não me apetece..."
A atitude do amigo deixou-o decepcionado, sabia das suas incertezas, mas daí a brincar com os sentimentos dos outros vai um longo caminho, não lhe reconhecia atitude tão egoísta.
Na altura ficou com um sentimento de culpa, afinal tinha sido ele o impulsionador de tudo, havia sido ele a dizer ao amigo para avançar. Ficou com pena dela.
A partir desse dia pensou que tinha que fazer alguma coisa para a fazer sentir melhor, mas que poderia ele fazer?
Nada, simplesmente nada e deixou-se ficar no seu canto...
Com o passar do tempo ela não lhe sabia da cabeça, era o primeiro e último pensamento do dia, estava a tornar-se mais do que um simples sentimento de pena ou admiração.
Foi aí que a verdade caiu sobre ele, gostava dela, estava apaixonado.
No entanto, nunca se sentiu capaz de lho dizer e resolveu mais uma vez ficar na sombra, mas era pior, ao ficar calado impedia-a de o conhecer e não demonstrava os seus sentimentos.
Quando finalmente resolve encher o peito de coragem e fazer alguma coisa, já era tarde demais, ela estava noutra galáxia, também outra coisa não seria de esperar, ele mal falava com ela.
Tempos, mais tarde, pensando que ela estava sozinha resolve tentar mais uma vez, o que ele não sabia é que ela já havia embarcado numa nova aventura, mais uma vez era tarde demais. Era um mau hábito que tinha, escolhia sempre a altura errada.
Para piorar, desta vez como não sabia que ela olhava para outra pessoa, mesmo sem ser intencionais os seus gestos estavam a atrapalhar a vida dela, o que fez com que ela se afastasse, o que já era de esperar, no lugar dela faria o mesmo.
Quase 6 anos volvidos o destino quis que o machado de guerra fosse enterrado e voltaram a falar. Foi mesmo na altura certa, ele estava mesmo em baixo e este cachimbo da paz fez exorcizar alguns fantasmas de um passado mais recente.
Qual não foi o seu espanto ao reparar que, passados estes anos todos, ela seria capaz de despertar sentimentos que estavam adormecidos, quando ele pensava que haviam morrido...
A príncipio não queria acreditar e negou várias vezes esse sentimento. Até que chegou à conclusão que não valia a pena enganar-se a si próprio indo contra os seus sentimentos mais profundos.
A verdade é que ele a quer de verdade, gosta dela e ganhou coragem para o dizer a este mundo e ao outro.
Toda a gente ouviu o grito, ela também e pediu-lhe para a partir daí falar com ela abertamente. Ela não imaginava como isso o colocava à vontade e o bem que lhe fazia.
Se uma amizade consegue sobreviver a todos estes atentados, muitos criados por ele é verdade, mas se o sentimento foi capaz de prevalecer passados estes anos todos, como poderia ele deixar de sonhar?
A história recomeçou agora...
Esse rapaz, esse sonhador sou eu...
E espero que esta história não tenha um fim...

4 comentários:

Bia disse...

Bela história a tua. Nem todos desabrochamos para a vida com a mesma garra visivel, há aqueles que são timidos e mais reservados, têm um desabrochar mais lento mas não menos bonito.
beijinho :)

Maria P. disse...

Pode ser um recomeço.
Como aqui.

Um beijo*

Maria P. disse...

Incrivel aquele texto, desconhecia por completo.
Obrigada.

Beijinho.

Pinceza disse...

Entrei por aki por acaso... e adorei a tua historia... e claro a unica coisa que posso dizer e ke espero que a tua historia tenha um fim no minimo feliz...
Bjx...