domingo, 24 de junho de 2007

Reflexo da lua


A lua que me prende e fascina
Com sua face de escuridão secular
Das suas veias a minha alma se alimenta
E adormece instável sobre o mar...
Amo desta forma que fustiga a alma
E jamais poderá terminar,
Só queria Lua que me desses a calma
Desta solidão suportar...
Ter penas de índio e pérolas e mantos,
Dançar no cosmos sem sofrer
A galope em cavalos brancos
Na direcção oposta de morrer...
Esta noite solitária que termina
Brilhou no céu o fogo de artifício
Para quê escolher qualquer rima
Se a tristeza é o único princípio...
Aqui estou sozinho viajando
Entre a solidão e a amargura
Com uma lágrima pensarei em ti cantando
Onde quer que leves a tua ternura...
Olharei no espelho
E verei apenas minha face,
Tua alma estará no peito a vermelho
Mas não haverá corpo que eu abrace...
Podia mudar tudo num instante...
Mas no silêncio não direi nada...
Simplesmente engolirei em seco constante
O amor solitário que tenho na almofada...
Abro ao meio uma bola de cristal
E lá de dentro o meu esqueleto arrefecido
Uma gelada mão do demónio sentimental
Que me deixa estarrecido...
Lua, dá-me uma flor
Perfumada e arrepiante
Quero trincar pétala por pétala esta dor
Rasgar a carne com diamante...
Nenúfares afundáveis na neblina
Transportam o meu frágil olhar...
Carregar às costas uma sina
Ofuscando o passar do tempo sem te poder amar...

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