quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Alma que sangra


Observando os candeeiros das ruas que se acendem lentamente, vejo o tempo que passa devagar e resisto a enfrentar a dura realidade.
Percebo, entendo, descubro e lamento a ingrata natureza do Homem...
Cada segundo martela-me a alma na longevidade que a vida me impõe.
Sinto o sufoco do ser perante o arresto do corpo.
As situações do quotidiano arrastam-se a meus pés, implorando-me que fique, para que massacrem ainda mais o corpo...
Cansada, a alma perde as asas, entrega-as, devolve-as, para não mais visitar as ilusões dos sonhos de que se alimentava.
Quero devolver o corpo, qual fato alugado em vésperas de festa, mas ninguém o quer receber. Quero partir, comprar um bilhete de ida, para não mais voltar, mas a realidade nega-me a vantagem de poder voar para lá do horizonte, nega-me a tranquilidade que o corpo clama, nega-me tudo, porque afinal apenas me cabe nada...
O tempo pára, entre cada segundo, para me recordar que tenho de senti-lo passar, na pele, na vida, na dor que provoca ao riscar-me a face, ao quebrar-me o corpo, deixando-me curvado sobre o próprio peso da realidade.
A alma sangra ao perceber que este não é o seu mundo...
Esta alma que ainda quer seguir a tua que partiu para outro lugar...

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