quinta-feira, 3 de maio de 2007

Eu sou apenas e só, mais um entre muitos...


Aqui, no meu mundo de palavras sinto-me bem fantasiando, procurando no dicionário os termos certos para descrever o que sou e molhando de vez em quando a cara para abrir melhor os olhos dormentes quase a provar com o dedo um pouco deste mundo que me chama com voz de cama.
É então que neste monólogo te falo...
Se calhar não sentes a verdadeira essência, mas acredito que entendas que, muito disto seja, para já, puro sentimento. Quando tudo se processa tão rápido e, perdemos algures os travões, a única solução talvez seja saltar pela janela.
Segura o volante, nesta estrada onde tu és a razão, lava-me o cheiro de rua, limpa-me a alma, esfrega, mesmo que doa, a carne.
Analisa aquilo que digo e vê se cabe na palma da tua mão. Ergue-me até ao topo, deixa-me provar do teu corpo. Mostra-me como é estar dentro de ti e volta a largar-me no chão. Disseca o que escrevo à toa e descobre que, sou apenas um entre muitos, mas que aceita como é.
Eu sou...
Um amontoado de situações e informações, oscilando entre pólos.
Uma amálgama imperfeita entre o conteúdo e a frivolidade...
A mistura do social e a solidão, das luzes e da multidão...
Um beco onde a minha entrada é a tua saída...
Um desajuste entre o burlesco e a doçura que perdura na candura...
Controverso na loucura que assiste todas as negações e anarquias mentais...
Quem eu sou?
Eu sou apenas e só, um entre muitos...
Pinta o meu mundo das cores que me seduzem, apenas porque não me pertencem. Dá-me vermelho, pinta-me de branco, sonha-me azul.
Roda o espectro das cores que mais favorecem aquele que gostas de ver e descobre no espelho a cor do meu nome.
Quero beijar-te ao acordar, beijar-te ao deitar. Beijar-te com a saudade de quem nunca te viu partir, de quem se recusa a sentir pena por te perder. Quero beijar-te, mas vejo-me cair desta paleta de cores, esbatendo-se o tom da cor original. Não sei porque acho que em ti centraria aquilo que sinto, verbalizando o que penso. O que é suposto eu fazer para te ter, num espaço indefinido, finito e colorido de paixão?
Os amigos aglomeram-se em meu redor, tentando perceber porque caio assim. Vão perguntando o que me leva a desistir assim sem lutar...
Vejo-os olhar para baixo à minha procura, procurando, buscando por mim.
Chamam, acenando com sinais luminosos para que encontre o caminho. Fazem-me fartar de tudo que me controla, fazem-me sonhar com aquilo que me consola, fazem-me bater tresloucado nas grades desta gaiola, mas meus amigos, eu sei que a gaiola tem uma porta. Basta um gesto para a abrir. Apenas não o quero fazer para já.
E tu, sopra em tons de verde quando olhares na minha direcção, verde, cor da esperança... Usa e abusa deste coração. Faz-me viajar por essa mente multicolor que me despe docemente numa tela de bastidor.
Não há charme que possas agora encontrar, nem nada para falar, se o que tenho para te dar é igual ao que já tens, nesse caso, dizer-te quem sou é tão banal e desnecessário.
Eu sou...
Um conjunto de condições e conjecturas, pulando entre um capricho e outro...
A divisão entre o ascetismo e o prazer...
Uma mescla informe entre dúvidas e confianças...
Bailarino dançando incessantemente ao som do teu feitiço...
Um corpo dividido entre o supérfluo e o essencial...
Um projecto mal acabado, mas dado como terminado...
Um sonho sonhado que tudo fez para não acordar...
Quem eu sou?
Eu sou apenas e só, mais um entre muitos...

4 comentários:

Anónimo disse...

Palavras tão profundas...

Daniel disse...

citando
Controverso na loucura que assiste todas as negações e anarquias mentais ... Quem eu sou?
Eu sou apenas e só ... Não sei porque acho que em ti centraria aquilo que sinto, verbalizando o que penso ... Vão perguntando o que me leva a desistir assim sem lutar...

Mais um entre muitos
Muito se falam em que os sonhos já não cabem mais em nossas idéias, nós as vezes nos debruçamos na própria derrota sem perceber que a luta já estava ganha, um tom a mais, e muitas pedras atiradas, seria loucura ouvir o coração, e seguir a dúvida? Há somente possibilidades, possibilidades de que possa dar errado, acontecimentos que poderiam dar certo, mas então qual o certo? Qual o errado? Seriam os mesmos?
Seria o certo e o errado apenas possibilidades? E as possibilidades são impolares, não contém um sinal de multiplicação ou divisão
Ouça-me
Pois meu nome
é
Eu Sou

Anónimo disse...

Qualquer um de nós... é apenas um... entre muitos! Singulares a sentir e unos a dar...
Que consigas entregar cada parte de ti... q quem te saiba receber. é essa a magia da vida...
Nunca saberás se serás fiz... mas sabes pelo menos que a vida... não te passou ao lado!

cristóvão silva disse...

NAO ÉS UM ENTRE MUITOS ÉS GANDA RAMOA ABRAÇO:)